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Conheça Bruno Pereira, o indigenista morto no Vale do Javari (AM)

Foto: Reprodução/Redes Sociais

*Da Redação Dia a Dia Notícia

O indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai) assassinado no Vale do Javari (AM) ao lado do jornalista britânico Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian, era um grande defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização contra garimpeiros, madeireiros e pescadores.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Bruno falava quatro línguas e conhecia bem a região, nos últimos 11 anos realizou mais de 10 expedições pela região. Começou a atuar na Funai no ano de 2010, como coordenador do órgão no Vale do Javari que concentra o maior número de povos isolados do mundo. Era considerado o não indígena que melhor conhecia a área, pelos povos locais.

No ano de 2016, o indigenista deixou o cargo após um conflito entre indígenas, no qual foi feito refém sob a mira de arcos e flechas .Já no ano de 2018, ocupou em Brasília (DF) o cargo de coordenador de departamento de indígenas isolados e de recente contato.

No ano de 2019, Bruno participou da maior operação contra o garimpo realizada naquele ano, que resultou na destruição de 60 balsas e expulsão de centenas de garimpeiros do Vale do Javari.

No mesmo ano, o então Ministro da Justiça, Sérgio Moro, assinou no mês de outubro a exoneração do indigenista do cargo de coordenador-geral do setor de Índios Isolados e de Pouco Contato da Funai. O fato aconteceu no primeiro ano de mandato do governo Bolsonaro.

Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Mesmo após a exoneração, Bruno Pereira não se afastou da região, e seguiu atuando como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que realiza a vigilância do território por conta própria.

Os crimes flagrados pelo indigenista na região, eram repassados formalmente a Funai, Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF), entre outros órgãos, que estavam cientes dos riscos da região. De 2020 a 2022, diversas denúncias foram realizadas as instituições. Dentre as denúncias estão desmatamento em Ipixuna (AM), narcotráfico e aliciamento de indígenas Kanamari e Mayoruna, balsas de garimpo nos rios Jutaí e Curuena, entre outros.

Com Bruno na consultoria da Univaja, indígenas passaram a manusear drones e GPS para documentar as invasões. O intuito era obter evidências para munir as autoridades e viabilizar operações para devolver o território aos povos da região.

O indigenista Bruno Araújo Pereira, tinha 41 anos e deixa a esposa Beatriz Matos e três filhos.

Desaparecimento

Foto: Reprodução

Bruno Pereira e Dom Phillips desaparecem no dia 5 de junho no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, no interior do Amazonas. Os dois se deslocaram para visitar a equipe de vigilância indígena próxima ao Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da Funai no rio Ituí).

O jornalista britânico foi ao local junto ao indigenista para visitar e entrevistar alguns indígenas. Os dois saíram do Lago do Jaburu e retornaram para São Rafael e de lá partiram para Atalaia do Norte, porém não retornaram a cidade.

As primeiras equipes de buscas da Univaja, foram formadas por indígenas que conhecem bem a região, onde o mesmo trajeto foi realizado, porém nenhum vestígio foi encontrado.

Na semana do desaparecimento, a Univaja ressaltou que a equipe recebeu diversas ameaças em campo, e que outros relatos já haviam sido oficializados para a Polícia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga (AM), ao Conselho Nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International. 

No dia 7 de junho, o Ministro da Justiça, Anderson Torres, informa que a Funai, Polícia Federal, Forças Armadas e a Força Nacional estão envolvidas nos esforços para encontrar os desaparecidos. Além disso, o Governo do Amazonas enviou policiais e uma equipe de mergulhadores ao local.

Amarildo e Oseney são presos suspeitos do desaparecimento de jornalista de indigenista.

No dia 8 de junho, o primeiro suspeito de envolvimento no desaparecimento de Dom e Bruno é preso pela polícia. Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como ‘Pelado’, teria feito ameaças a indígenas que participavam das buscas. Porém, ele negou as acusações.

Já no dia 9, vestígios de sangue são encontrados na lancha usada por Amarildo, porém a polícia não sabia se o sangue era humano. No dia 12 de junho, pertences dos desaparecidos foram encontrados na área onde estavam sendo feitas as buscas.

No dia 13 de junho, Alessandra Sampaio esposa do jornalista Dom Phillips, disse ao repórter André Trigueiro que os corpos dos desaparecidos haviam sido encontrados. A família havia sido informada pela Embaixada Brasileira no Reino Unido, porém a PF e a Univaja não confirmaram a informação.

No dia seguinte, o segundo suspeito, Oseney da Costa de Oliveira, de 41 anos, conhecido como “Dos Santos”, é preso temporariamente. Ele é irmão de Amarildo da Costa de Oliveira, que já estava preso no município de Atalaia do Norte.

 E no dia 15 de junho, a PF levou Pelado ao local onde teriam desaparecido Bruno e Dom. A região é a mesma em que objetos da dupla foram localizados dias antes.

De acordo com a PF, Amarildo afirmou que Bruno e Dom foram assassinados e apontou a localização dos corpos, que teriam sido esquartejados, queimados e enterrados. Durante escavações, equipes encontraram “remanescentes humanos”, de acordo com Eduardo Alexandre Fontes, chefe da PF no Amazonas. O material recolhido foi enviado à perícia para identificação.

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