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Relatório aponta que garimpo faz malária e desnutrição infantil explodirem entre os Yanomami

Garimpo no rio Uraricoera, Terra Indígena Yanomami

*Da Redação do Dia a Dia Notícia 

Uma explosão de casos de malária entre indígenas Yanomami que vivem em aldeias próximas a garimpos ilegais tem produzido altos índices de desnutrição. É o que aponta o novo relatório da Hutukara Associação Yanomami publicado nesta segunda-feira (11).

O documento “Yanomami sob ataque!” alerta para relação entre o adoecimento das famílias pela malária e o agravamento do quadro da desnutrição infantil, uma vez que os adultos acometidos com a doença não conseguem prover alimentação. “A malária compromete não apenas a saúde individual do doente mas também a economia das comunidades que dependem da força de trabalho familiar para produzir sua subsistência”, destaca o texto do relatório.

Segundo Junior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), cada Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) tem um Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) responsável por fiscalizar, debater e apresentar políticas para o fortalecimento da saúde em suas regiões.

Yanomami é cada vez mais comum encontrar aldeias inteiras doentes contaminadas com Malária. No ano passado, ele visitou a aldeia Parima na Terra Indígena Yanomami (TIY) e se deparou com uma situação dramática em que 95%, dos 790 moradores, apresentavam a doença parasitária.

“Os pais e as mães não conseguem caçar e trabalhar na roça. Para você construir uma roça tem que ter saúde. Como vai trabalhar com febre, calafrios, dores de cabeça e pelo corpo?”, questiona Hekurari. O conselheiro ressalta outros sintomas graves da doença como desmaios e convulsões.

Na TIY, os mosquitos se reproduzem na água parada das piscinas residuais deixadas pela atividade garimpeira. “Onde tem garimpo tem muitos buracos. Na água suja é onde o carapanã cria seus filhotes”, explica o presidente do Condisi Yanomami. Ele  ressalta que nas comunidades onde o garimpo ainda não chegou, quase não são registrados casos da doença.

“Onde tem garimpo tem muitos buracos. Na água suja é onde o carapanã cria seus filhotes”, Junior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami

O desmatamento causado pelo garimpo e as piscinas de resíduos deixadas pela atividade alteram o ecossistema das regiões favorecendo o aumento do número de mosquitos. A própria presença ilegal de garimpeiros adoecidos na TIY também colabora para o crescimento  disseminassão da  doença.

Se a desnutrição é um fenômeno multicausal, a malária ocupa um status importante entre essas origens no caso dos Yanomami, como explica o médico Paulo Cesar Basta, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “O parasita da malária vai consumindo a pessoa lentamente, diminuindo a imunidade e deixando ela sujeita a outros problemas de saúde, como diarreia, pneumonia, Covid-19”.

Segundo o médico, a doença é ainda mais grave nos quadros de desnutrição infantil quando a criança adquire o parasita até os cinco anos de idade ou mesmo antes de nascer.

“Se a mulher está gestante e pega malária, isso prejudica a alimentação da criança no ventre, tem uma transmissão intergeracional, isso acontece muito na TIY. Mas se a criança pega malária quando é pequena ela também tem seu sistema imunológico comprometido e aí se somam problemas que deixam seu estado nutricional debilitado”, ressalta o médico.

Os casos de diarréia também têm se tornado mais comuns a partir do crescimento do garimpo. Junior Hekurari relaciona o quadro à contaminação da água por mercúrio utilizado para separar o ouro. “Os garimpeiros contaminam nossos rios, de onde bebemos água”. A disenteria é um dos principais causadores da desnutrição e desidratação entre crianças no país.

O impacto na nutrição das famílias Yanomami também se dá por consequências mais diretas da atividade garimpeira, não passando necessariamente pelo adoecimento. Cada vez mais, homens Yanomami são recrutados para trabalhar no garimpo, o que tem causado uma desestruturação da divisão do trabalho na terra indígena. “Na medida em que os homens se afastam das comunidades, eles deixam as famílias desassistidas e a mulher e os filhos passam a não ter acesso à proteína animal”, afirma Basta.

*As informações são do InfoAmazônia

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