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Biblioteca de plantas da Amazônia pode gerar milhares de invenções no país

Cientistas brasileiros estão criando uma grande “biblioteca” com informações sobre plantas e outros materiais que existem na Amazônia. No futuro, os “livros” desta coleção vão gerar dinheiro para pessoas que preservam o meio ambiente e darão oportunidades incontáveis para o desenvolvimento de novas criações humanas, conforme a matéria do UOL.

A “biblioteca” já tem nome. Irá se chamar “Amazon Biobank”, ou “Biobanco Amazônia”, e tem lançamento previsto para 2022. Neste banco não haverá livros, mas material genético de milhares de vegetais que existem na floresta amazônica. As informações poderão ser usadas por grandes indústrias farmacêuticas, alimentícia e cosmética para a criação ou melhoria de produtos.

O processo genético dá abertura para diferentes criações, como remédios mais eficientes e que dão menos alergia, comida feita em laboratório e até evolução de objetos e equipamentos.

O projeto está em testes e é encabeçado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e universidades renomadas no país. Mas claro, não é barato, rápido e difícil organizar uma “biblioteca” com tantas informações. Especialmente quando não estamos falando de um livro, mas de um material genético bem complexo.

Amazon Biobank é biobanco com DNA de plantas - Divulgação
Amazon Biobank é biobanco com DNA de plantas

Como extrair informações

Exemplo: uma folha de uma árvore tem uma quantidade gigantesca de informação. A gente sabe que a folha ajuda a combater dores de cabeça quando é usada para um chá. Já é uma informação. Só que o olho e a experiência do ser humano só observam um pouco das capacidades desta folha. Se você colocá-la no microscópico, vai enxergar mais um monte de informação.

Com o aparelho certo, você pode ir mais a fundo e descobrir as características de cada pedacinho do DNA desta folha. A partir daí, um engenheiro ou um biólogo pode usar mais outro método para transformar a informação em um código de computador e guardá-lo. É o propósito do Biobanco Amazônia.

No final, uma empresa pode comparar aquele código com o de outro “livro” no computador e criar uma nova “obra”: um eficaz remédio para dor de cabeça, que pode atender a milhares de seres humanos.

E não vale só para folhas: cascos de árvores, peles de animais e até mesmo uma amostra de rio podem abrir as portas para incontáveis criações e análises feitas em laboratório. Assim, em vez de derrubar dezenas de árvores, ou utilizar centenas de animais para testes, é possível guardar as informações de uma só amostra.

Como guardar tanta informação

Como você pode perceber, não é todo mundo que vende o remédio mais eficiente contra dores de cabeça do mercado. É um processo difícil, caro, demorado e complexo.

O sequenciamento genético de uma folha, por exemplo, gera códigos de computador imensos que precisam de muito espaço para serem guardados.

“Um grão de arroz gera um código que precisa de 1 terabyte de dados”, explica o engenheiro da USP e um dos líderes do projeto Marcos Simplício. É como se fosse preciso de um computador pessoal, moderno e potente inteiro para armazenar as informações sobre enzimas, proteínas e mais componentes genéticos de um grão. Logo, é preciso de máquinas imensas e com muita capacidade de processamento para lidar com tanta informação.

Marcos cita um exemplo: o pirarucu passou a ser utilizado para desenvolver modelos mais eficientes de prova de bala. Os cientistas observaram que as escamas do peixe resistiam às mordidas de piranha.

“Em vez de matar um monte de pirarucu para fazer um monte de colete, basta pegar uma amostra, sequenciar o DNA, guardar os dados e criar uma pele de pirarucu artificial e em escala maior”, diz.

O Biobanco Amazônia vai guardar os dados nas universidades públicas, capazes de receber tanta coisa. Mas não só. Qualquer pessoa poderá guardar um pouquinho. Para isso, será utilizado um sistema de torrent.

O programa muito usado para a pirataria, na verdade, é um grande compartilhador de dados. Quem faz o download de um arquivo via torrent também guarda um pedaço no próprio computador. Se outra pessoa quiser acessá-lo, basta baixar o pedaço que está dividido entre várias pessoas.

Como os dados do Biobanco são enormes, os engenheiros darão a possibilidade de qualquer pessoa guardar uma parte no próprio computador. Em troca, será gerada uma moeda virtual que pode ser revertida em dinheiro. A “biblioteca” também vai deixar um registro em cada dado.

Assim, quando uma empresa for comercializar em cima de uma amostra genética retirada do banco, uma comunidade na região amazônica que coletou o material receberá uma moeda virtual que poderá ser revertida em dinheiro.

O projeto é financiado com dinheiro de ONGs e instituições de pesquisa. Marcos vê longe: “podemos contar com financiamento de quem quiser preservar e ter o selo de qualidade da Amazônia. Até o [Joe] Biden, se quiser investir em pesquisa, pode ajudar”, conclui.

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