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Cidade Invisível: nova série da Netflix é alvo de críticas por ativistas indígenas 

Apesar de ter sido bem recebida pelo público e pela crítica especializada, Cidade Invisível tem gerado polêmica sobre a representatividade de povos e comunidades tradicionais. Isso porque a nova produção nacional da Netflix, baseada nas crenças indígenas, parece ter esquecido de escalar profissionais que representem a narrativa, tanto no elenco e quanto nos bastidores.

A socióloga e pesquisadora Lai Munihin foi uma das ativistas a levantar o debate nas redes sociais.

“Se quisessem ter feito isso bem feito, teriam contratado indígenas para toda a parte de produção de roteiro, enredo, para além da questão de escolha de atores”, escreveu no Twitter.

Ela criticou o fato de personagens do folclore brasileiro, como Saci, Boto, Iara, Curupira e Caipora, terem sido vividos por atores brancos e negros. “[Essas são] consideradas cinco entidades pertencentes às espiritualidades indígenas e foram interpretadas por não-indígenas brancos e negros”.

A opinião foi compartilhada por Fabrício Titiah, ativista da tribo Pataxó HãHãHãe. “Há uma diferença muito grande entre exaltar uma produção nacional e colaborar para a venda da imagem de um Brasil onde a cultura sagrada de um povo é tratada como uma fantasia exótica, reforçando pensamentos equivocados que os gringos tem sobre nossa cultura”, avaliou.

Titiah lamentou o equívoco, dado o potencial e o alcance da série. “Faltou estudar mais e ser respeitoso. Eu e outros parentes podemos contar a história que realmente representa as tradições originárias, a representatividade já começa aí”, concluiu.

 

A falta de protagonismo dos povos indígenas também foi sentida pelos internautas.

Que eu saiba boa parte do nosso folclore (senão quase todo ele) tem base/origem indígena e é relacionado com a Amazônia. Além de pecar na representatividade, ambientarem as lendas no Rio de Janeiro ficou muito estranho”, opinou uma espectadora.

“Assisti à nova série brasileira da Netflix, Cidade Invisível, e é lamentável quase todo o conteúdo, se não todo ele. O apagamento do povo indígena é gritante, vejo apenas como mais uma obra para agradar a ‘gringolândia’. Miraram na representatividadeacertaram em cheio no racismo“, avaliou mais uma.

Apropriação cultural

Outro ponto que também tem dado o que falar é a descaracterização de alguns personagens, como a temida Cuca. Na mais nova produção, a famosa vilã do Sítio do Pica-pau Amarelo — antes retratada como um jacaré — foi interpretada por Alessandra Negrini. A escolha fez internautas lembrarem o episódio em que a atriz foi acusada de apropriação cultural. ”

‘Mas a Alessandra Negrini apoia a luta indígena’ Queridos, ela já nós usou como fantasia e veio com essa desculpa pra passar pano no erro”, observou a ativista e comunicadora Alice Pataxó.

“Há um ano atrás Alessandra Negrini, que está nos TTs hoje, era assunto por conta da polícia da internet acusando-a de apropriação cultural por se fantasiar de índia. Hoje ele tá nos TTs superelogiada por ser a Cuca na série Cidade Invisível. As voltas que a terra plana dá”, destacou mais um internauta.

Estrelado por dois artistas nacionalmente conhecidos, Marco Pigossi (Eric) e Alessandra Negrini (Inês/Cuca), a história também conta com a participação Victor Sparapane (Manaus/Boto Cor-de-rosa), Wesley Guimarães (Isac/Saci), Fábio Lago (Iberê/Curupira), Jessica Córes (Camila/Iara), Jimmy London (Tutu/Tutu Marambá) e Eduardo Chagas (Sr. Antunes/Corpo-seco).

O roteiro foi escrito pelo casal Raphael Draccon e Carolina Munhóz. A direção é de Carlos Saldanha, o mesmo do filme Rio e da saga A Era do Gelo.

De acordo com o site What’s on Netflix, Cidade Invisível foi o programa de TV mais popular da Netflix no Brasil, e ficou entre os 10 melhores na França, Nova Zelândia e Espanha, visto no dia 13 de fevereiro. Segundo Flix Patrol, o programa de TV estava entre as 10 séries mais populares em 12 países, no dia 13 de fevereiro.

* Metrópoles 

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