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Vice-prefeitas: quatro mulheres vão representar o público feminino nas eleições 2020

*Audrey Bezerra – Dia a Dia On-line

Dos 11 candidatos que estão na disputa pela Prefeitura de Manaus, apenas quatro são mulheres que estão compondo as suas chapas como vices. Apesar de não encabeçarem na disputa para a vaga na cadeira do Executivo municipal, Conceição Sampaio (PSDB); Dora Brasil (PCdoB); Marklize Siqueira (Psol) e Maria Auxiliadora Oliveira (PSTU) são as mulheres que vão representar o público feminino nas eleições 2020.

 

Ampliar a representatividade das mulheres na política em Manaus é um desafio há décadas pelos partidos. Campanhas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e até mudanças na legislação foram feitas para possibilitar mais espaço a elas.

 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Amazonas possui 3.983 milhões de habitantes, destes, 1.981 milhão são do sexo masculino e 2.002 milhões de habitantes, do sexo feminino. Aliado a isso, mais de 50% do eleitorado amazonense é de mulheres, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os números provam que há espaço para as mulheres na política: 51,21% da população em Manaus é composta por mulheres, segundo o Censo do IBGE.

 

O eleitorado feminino, em Manaus, também é maior, com 10,9% (704.197) em relação aos homens (627.410). Mesmo assim a prefeitura da cidade nunca esteve sob o comando de uma mulher, a representatividade política não acompanha o percentual da população feminina.

 

Em comparação às eleições municipais de 2016, a participação das mulheres, mesmo compondo como vices, cresceu, mas ainda não demonstrou uma representação significativa, em relação ao número de eleitoras que o Estado possui.

 

Nas eleições de 2016, apenas duas mulheres estavam na disputa como vice-prefeitas: a professora Cristiane Balieiro junto com o então candidato Serafim Corrêa e Taly Nayandra (PCB) que estava na chapa como vice do Professor Queiroz (Psol). Ainda em 2016, foram eleitas apenas 10% de prefeitas e 13,5% de vereadoras no Brasil, segundo dados da ONU Mulheres.

 

Igualdade de gênero

Pesquisadora na área das relações de gênero e poder, a mestra em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Ufam, Michelle Vale, explica que há décadas desafios são enfrentados na sociedade e que, no século 21, o maior é superar a desigualdade de gênero.

 

“Eu percebo que tivemos um aumento na representação política, mas ainda é algo muito pequeno, pois as mulheres estão sim se engajando mais nas discussões políticas. No entanto, desafios precisam ser superados e isso é histórico. No século 19 foi superar a escravidão, no século 20 foi superar o totalitarismo e no século 21 está sendo superar a desigualdade de gênero, principalmente, no campo da política partidária. O Brasil não tem conseguido cumprir em transformar um País igualmente para homens e mulheres e isso vem sendo discutido já”, afirmou.

 

 

Michelle, que também é autora do livro: Mulheres no Poder. A Trajetória Política de Eunice Michiles, a Primeira Senadora no Brasil (2019), conta que é preciso pensar em estratégias, investir mais e discutir mais sobre a importância do papel da mulher na política.

 

“Há fatores históricos, sociais e culturais sim. A sociedade enfrenta a cultura machista e patriarcal, além do racismo. No imaginário, há pesquisas sobre isso, quando se pensa em líderes políticos, homens brancos geralmente são associados. Então precisamos mudar isso, A bancada feminina faz diferença, exemplo disso, foi na década de 80, onde mulheres participaram da constituinte”, relembrou.

 

Segundo Michele, a falta reflete na não criação de política públicas voltadas para as mulheres. “Os homens não vão pensar sobre as nossas necessidades e quem perde somos nós. As pautas femininas precisam fazer parte do parlamento, precisamos lutar por isso”, completou.

 

Conheça as vices

 

Com apoio do atual prefeito, Arthur Virgílio Neto (PSDB), Conceição Sampaio (PSDB) vai disputar como vice de Alfredo Nascimento (PL). Até maio deste ano, Conceição era secretária municipal da Mulher, na Prefeitura de Manaus. Além disso, já foi vereadora, deputada estadual e federal. Ela é a única a disputar o cargo majoritário na bandeira da direita.

 

“Sem dúvidas, para nós mulheres é de extrema importância a ocupação deste espaço de poder. E que mais mulheres possam vivenciar e participar de forma direta na política do seu município, do seu Estado e do nosso País. Essa é uma luta permanente, uma luta de anos. Nós, mulheres, a cada dia avançamos, mas temos ainda muito a percorrer. É muito importante a leitura feita pelo prefeito Arthur de incluir na chapa a participação de um homem e uma mulher. Isso faz toda a diferença”, declarou.

 

Ao Dia a Dia, Conceição Sampaio disse que a luta pelo direito das mulheres vem progredindo não só no Brasil, mas em todo o mundo. Alguns avanços já foram conquistados nas últimas décadas, como o direito ao voto e o direito de serem eleitas. Porém, no que tange a representatividade das mulheres na política, esse debate ainda se encontra muito distante do desejado, embora existam grandes nomes de mulheres na política.

“Quero lembrar que, nós, mulheres, nos preparamos para viver momentos como esse, no Executivo e nos parlamentos. Sem dúvidas que, numa época de pandemia como esta que estamos vivendo e o processo eleitoral se dará dentro deste momento que tanto afeta o mundo, ainda o torna mais desafiador. Por isso, é importante que a gente tenha o entendimento de como é fundamental as mulheres estarem nessa busca por soluções. “Alfredo e eu certamente estamos preparados para dar continuidade à gestão do prefeito Arthur e estamos preparados, ainda mais, para avançar com a gestão e na implementação de políticas públicas”, completou.

 

A professora Dora Brasil foi a escolhida para ser vice de Marcelo Amil (PCdoB), representando o partido comunista, em uma chapa puro sangue. Dôra tem 40 anos de militância política e defende a bandeira de mulheres, negros e a comunidade LGBT+. É professora, formada em Letras e mestra em educação.

Em entrevista ao Dia a Dia, Dora disse que é uma honra participar do processo político neste ano e diz que gostaria de ver mais mulheres participando deste processo.

“A história da luta das mulheres, no Brasil, por seus direitos é tão longa, quanto a própria história deste País. Apesar de não ser contada, não ser reconhecida, não ser viabilizada, apesar do esforço das próprias mulheres e de alguns homens”, explicou.

Para Dora Brasil, é importante os poderes terem a participação das mulheres nas discussões políticas do País. “A democracia só irá se concretizar quando metade da população, quando essa maioria do eleitorado, que somos nós mulheres, estivermos com representação paritária nos espaços do poder”, afirmou.

Ela considera que os parâmetros políticos e culturais precisam ser modificados, atuar com mais força e continuidade nas mudanças e incorporar os conteúdos que dizem respeito aos direitos das mulheres e à igualdade de gênero.

“É cultural do ponto de vista dos costumes, do ponto de vista da formação da sociedade brasileira, do ponto de vista, a política sempre foi considerada um espaço masculino. Essa cultura foi imputada com muita força na sociedade brasileira e também não é porque mulher não gosta de política. Mulher gosta sim! Mas, até hoje somos subrepresentadas nos parlamentos ainda. De lá saem as políticas, é preciso que as mulheres estejam lá”, defende.

No Partido Socialismo e Liberdade (Psol), a socióloga Marklize Siqueira foi a escolhida, no último dia 13, para compor disputa com José Ricardo (PT), em uma frente ampla da esquerda.

Marklize é formada em Serviço Social, com mestrado em Sociologia pela Ufam. Já foi professora do Departamento de Serviço Social da universidade e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Conforme a coligação, sua trajetória de engajamento social iniciou na Pastoral da Juventude.

“Aos 19 anos, trabalhou como cobradora de ônibus e sempre dividiu sua vida entre militância social e estudo. Já a trajetória política, é marcada pela defesa das pautas do feminismo, das mulheres afroameríndias, da diversidade religiosa, dos direitos humanos, da seguridade social, da educação pública, gratuita e socialmente referenciada”, informou a chapa.

Já no Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), a candidata à vice é Maria Auxiliadora Oliveira de Castro, militante dos movimentos populares. A chapa será puro sangue também, encabeçada por Gilberto Vasconcelos.

A reportagem tentou contato com Marklize Siqueira e Maria Auxiliadora, mas não obteve sucesso.

 

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