A taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus (Sars-CoV-2) para esta semana no Brasil é a maior desde maio, apontam dados do Imperial College de Londres, no Reino Unido. A atualização da estimativa foi divulgada nesta terça-feira (24) e se refere à semana que começou na segunda (23).
O relatório mostra que o índice está em 1,30. Isso significa que cada 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 130 pessoas. Pela margem de erro das estatísticas, essa taxa pode ser maior (Rt de até 1,45) ou menor (Rt de 0,86). Nesses cenários, cada 100 pessoas com o vírus infectariam outras 145 ou 86, respectivamente.
A última vez que a taxa máxima de transmissão no país foi maior do que a vista nesta semana foi na semana de 17 de maio. Naquela data, o Rt estava, de novo, em 1,30, mas o valor máximo podia chegar até 1,47, segundo a margem de erro.
Simbolizado por Rt, o “ritmo de contágio” é um número que traduz o potencial de propagação de um vírus: quando ele é superior a 1, cada infectado transmite a doença para mais de uma pessoa e a doença avança.
Depois de ficar abaixo de 1 por cinco semanas seguidas – entre o final de setembro e o final de outubro – , a taxa no Brasil voltou a ficar acima de 1 no início de novembro.
Há duas semanas, o número ficou em 0,68, o menor valor desde abril – mas a data coincide com o apagão de dados que atrasou a atualização de casos e mortes por Covid-19 pelo Ministério da Saúde. Como o Rt também considera esses dados, isso afeta as estimativas.
Segunda onda
Na segunda-feira (23), pesquisadores brasileiros divulgaram uma nota técnica na qual, baseados em dados da pandemia do novo coronavírus no Brasil, afirmam que o país vive o “início de uma 2ª onda”.
Eles apontaram ao menos três fatores para o “aumento explosivo” ou “manutenção da grande circulação do vírus”:
- falta de “testagem sistemática com rastreamento de casos”;
- falta de uma “política central coordenada, clara e eficaz de enfrentamento da situação”;
- “afrouxamento das medidas de isolamento sem evidências empíricas, sem uma análise cuidadosa por uma painel de especialistas”.
O Brasil tinha 169.541 mortes por coronavírus confirmadas até as 8h desta terça-feira (24), segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.