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Pandemia deixa mais da metade das mulheres fora do mercado de trabalho

No terceiro trimestre de 2020, 8,5 milhões de mulheres deixaram a força de trabalho no Brasil
Com as escolas fechadas, Ana Carolina Tinen Ueda teve que reduzir a produção de seu ateliê para cuidar dos dois filhos, que passaram a ter aulas online - Marlene Bergamo/Folhapress

Os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o emprego, em especial no setor informal, atrasam a volta de mulheres ao mercado de trabalho.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8,5 milhões de mulheres tinham deixado a força de trabalho no terceiro trimestre de 2020 (último dado disponível), na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Assim, mais da metade da população feminina com 14 anos ou mais ficou de fora do mercado de trabalho. A taxa de participação na força de trabalho ficou em 45,8%, uma queda de 14% em relação a 2019.

Em comparação com o primeiro trimestre, o número de trabalhadores fora da força de trabalho teve um crescimento de 11,2 milhões de pessoas, das quais sete milhões eram mulheres.

Segundo a pesquisadora Solange Gonçalves, coordenadora do Grupo de Estudos em Economia da Família e do Gênero, ligado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a saída de mulheres da força de trabalho é geralmente associada aos cuidados domésticos, com os filhos e com outras pessoas da família.

No caso dos homens, a saída para a inatividade está mais relacionada a problemas de saúde.

Mãe de duas crianças, de 8 e 3 anos, Ana Carolina Tinen Ueda, 32 anos, trabalha com cartonagens de luxo em uma pequena empresa familiar. Ela é o que o IBGE chama de trabalhador por conta própria com CNPJ, uma categoria de trabalho formal.

Antes da pandemia, o tempo dos filhos na escola era o período de produção no ateliê que montou em casa. As caixas e lembrancinhas são feitas a mão, uma por uma. Com os dois em casa, o tempo para o trabalho remunerado sumiu.

“Fico com eles 24 horas por dia. Quando as aulas online começaram, era tudo muito novo. Eles não sabiam mexer direito [no sistema para as aulas], a gente também não. E ainda eram os dois no mesmo horário, uma confusão”, disse.

O início das aulas em casa coincidiu com um aumento na demanda por pedidos de um dos produtos que ela fabrica.

“Tive que fechar a agenda porque não tinha condições de fazer e eles [os filhos] são a minha prioridade.”

Na comparação com o volume de pedidos que assumia, hoje consegue atender cerca de um terço do que fazia antes.

A economista Cecília Machado, professora da EPGE (Escola Brasileira de Economia e Finanças) da FGV, classificou a crise econômica atual como uma “she-cession”, em um trocadilho com a palavra recessão e o pronome she –ela, em inglês.

Em sua coluna na Folha, Cecília afirmou que a combinação de políticas de distanciamento social (que afetou setores como o de serviços) com o fechamento de escolas “é a receita perfeita para fazer das mulheres as maiores perdedoras desta recessão”.

Setores que concentram o trabalho feminino ainda não se recuperaram do choque da pandemia.

*Com informações da Folha de São Paulo.

 

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