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Novas cidades entram na rota do narcotráfico na Amazônia; veja

Transamazônica corta aldeias indígenas no estado do Amazonas Foto: Marco Antônio Rezende / Agência O Globo

*O Globo

De avião, caminhão ou navio, parte da cocaína enviada dos países andinos para Europa, África e Brasil atravessa uma complexa rede de rotas aéreas, rodoviárias e fluviais na Amazônia. A partir de uma cartografia inédita, a dinâmica do transporte da droga na região será apresentada, nesta semana, no 14º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o levantamento, novos trajetos e cidades foram incorporados às rotas do narcotráfico na última década. O Pará aparece como hub do tráfico de drogas no Norte do país, de acordo com reportagem do O Globo.

— O Pará é uma área de trânsito obrigatória. Virou o centro da conexão do comércio de cocaína de origem andina à medida que o mercado brasileiro cresceu. Talvez isso nos ajude a compreender por que as facções criminosas de São Paulo e do Rio passaram a ter influência no estado — afirma Aiala Couto, professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa), que conduziu o mapeamento.

Se o Amazonas é a porta de entrada da droga andina, por ser vizinho dos produtores Peru, Colômbia e Bolívia, o Pará assumiu protagonismo pelo fácil acesso às regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Pela localização privilegiada, o estado também possibilita a exportação para Europa, Guiana e Suriname.

O Porto de Vila do Conde, na cidade de Barcarena, na Região Metropolitana de Belém, é onde a droga desemboca antes de seguir para o exterior. No começo de novembro, a Polícia Federal realizou uma operação contra o tráfico internacional de drogas por vias terrestre e marítima depois de uma apreensão de 1,5 tonelada de cocaína no porto, um mês antes. A droga estava envolta por argamassa em um contêiner.

 

A cidade de Altamira, no Sudoeste do Pará, é outro importante ponto de passagem da droga, tanto pelas vias fluviais quanto pelas terrestres. Banhado pelo Rio Xingu e cortado pela Rodovia Transamazônica, o município ficou visado pelo narcotráfico. Além de receber facções forasteiras, viu surgir sua própria organização criminosa local. Em 2017, foi considerada a cidade mais violenta do Brasil.

 

Apesar da lentidão do transporte, os rios amazônicos são corredores favoráveis ao tráfico de drogas pela dificuldade de fiscalização. Para os traficantes, é mais fácil se camuflar nos inúmeros afluentes da ampla bacia hidrográfica amazônica. Os pesquisadores concluíram que, dos 16 rios de grandes extensões navegáveis da região, 12 deles vêm sendo usados pelos criminosos. Os mais frequentados são Solimões, Amazonas, Uaupés, Içá, Japurá, Envira e Juruá.

 

Cartografia

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, existem cerca de 65 rodovias na região amazônica, incluindo as que estão sob jurisdição federal e estadual. O mapeamento identificou que 42 delas são usadas para o transporte de cocaína, skank e maconha.

Ainda segundo o levantamento, em 2019, a Agência Nacional de Aviação (Anac) autorizou o funcionamento de 120 pistas públicas de pouso e decolagem na Amazônia Legal. Dessas, 26 operaram voos regulares diários. Além das pistas públicas, a região conta com 880 aeródromos particulares, em fazendas e áreas de mineradoras.

 

Os aeroportos de Belém, Macapá, Manaus e Santarém são utilizados como rotas regionais, nacionais e internacionais do tráfico. Há ainda as pistas de pouso clandestinas, que atendem o tráfico de drogas e o garimpo ilegal na região.

O estudo “Cartografias da Violência na Amazônia” é a parte de um trabalho mais abrangente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com organizações que trabalham na Amazônia, cuja ambição é mapear as principais atividades ilícitas relacionadas à segurança pública na região. Para Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum, os mapas expõem um problema já conhecido, mas que fica invisível, e podem contribuir para que autoridades ajam de forma preventiva no combate à violência, e não apenas repressiva.

— As rotas estão delimitadas; elas existem. Não seria mais vantajoso reforçar a capacidade de fiscalização do poder público do que investir em operações milionárias, em que você desloca gente que não necessariamente conhece a região e depois some? — questiona Lima.

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