*Lucas dos Santos, da Redação Dia a Dia Notícia
Em entrevista ao Dia a Dia Notícia, o ex-deputado Francisco Praciano (PT) confirmou sua pré-candidatura a deputado estadual nas eleições de outubro deste ano. O veterano também confirmou o apoio do Partido dos Trabalhadores à reeleição de Omar Aziz (PSD) e o possível apoio ao nome de Eduardo Braga (MDB) ao governo estadual, mas descartou a ideia de ser vice na chapa do senador.
Nos últimos anos, Praciano esteve no Ceará, onde nasceu e no qual vive sua família, para cuidar de sua saúde e da esposa, Lolo Praciano. A princípio, o ex-deputado queria concorrer ao Senado Federal, “mas a [Executiva] Nacional [do PT] chamou para si, sem discussão, a prerrogativa de indicação de Senado e Governo”.
“Aceitei e não quis discutir as estratégias da Nacional. A prioridade é a vitória do Lula. O Lula passou a ser uma necessidade diante do pesadelo que vivemos”, afirmou.
Praciano ressaltou que nunca cogitou se candidatar a deputado federal. O PT terá oito pré-candidatos a deputado federal, incluindo o atual deputado Zé Ricardo. Dentro da federação Brasil da Esperança, a ex-senadora Vanessa Grazziotin concorrerá à Câmara pelo PCdoB. Em apoio aos dois, Praciano não colocou seu nome como opção para a esfera federal.
“O Zé Ricardo está bem e não iria concorrer nem com a Vanessa nem com o Zé Ricardo. Temos o mesmo perfil de eleitor. Não vamos mexer com o que está dando certo. Estou bem representado pelo Zé Ricardo. Vamos fazer uma dobradinha e somar forças. Torço [para] que a esquerda faça o máximo de federais”, relatou o ex-deputado.
A dobradinha a qual Praciano se refere é a antiga parceria com Zé Ricardo. Nas eleições de 2010, Zé Ricardo concorreu a deputado estadual, enquanto Praciano concorreu a deputado federal. Os dois se elegeram apoiando-se mutuamente.
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Investimentos e ‘Vale do Silício Verde’
Político experiente, Praciano foi vereador de Manaus por quatro mandatos consecutivos e deputado federal entre os anos de 2007 e 2015. Neste ano, o pré-candidato reafirmou o desejo de se envolver com a política local, sendo sua principal pauta uma “economia complementar à Zona Franca, acabando ou reduzindo essa dependência quase absoluta” do modelo.
“Estamos repetindo o período da monocultura da borracha. Será um desastre, como o foi [no passado]. Perdemos 55 anos. Poderíamos ter explorado as potencialidades locais e nos livrarmos dessa condição vulnerável de dependência do modelo atual”, pontuou.
Praciano também colocou em seus planos a inclusão do interior do Amazonas “no Orçamento do Estado e da União”.
“O PIB do Amazonas é 1,4% do PIB nacional, e o de Manaus é 1,1%. Ou seja, o nosso interior participa com míseros 0,3%, um vazio econômico espantoso diante da tão propalada biodiversidade”, lamentou.
Quanto às questões da Amazônia, Praciano diz que planeja “incluir uma pauta tipicamente amazônida”, elencando a defesa dos povos indígenas e outras populações tradicionais “tais como ribeirinhos, quilombolas, pescadores etc”. O ex-deputado também ressaltou os temas ambientais, como mudanças climáticas e créditos de carbono, e a atração de ciência e tecnologia para o estado do Amazonas.
“[É preciso] incentivar a criação de um ‘Vale do Silício Verde’, objetivando a exploração da floresta viva, da biodiversidade. Quero ver uma assembleia legislativa apaixonada pelo Amazonas e pela Amazônia. Quero tentar ‘amazonidar’ a pauta política do Estado”, declarou Praciano.
Apoios políticos
Sobre o apoio de seu partido, Praciano reiterou que Omar Aziz é o indicado da Executiva Nacional do PT ao Senado Federal. O parlamentar tem uma boa relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o qual é a maior prioridade do PT no momento. Independente de qualquer opinião pessoal ou política sobre Omar, Praciano afirma que o principal é derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Nas circunstâncias atuais, diante desse pesadelo que vivemos, do desmonte do Estado brasileiro, discutir o Omar é apequenar a questão. O Bolsonaro precisa ser anulado, precisa ser substituído. Só quero ser um parlamentar do Estado. Alianças não me modificam. Eu me conheço”, afirmou.
Ainda no ponto das alianças políticas, o senador Eduardo Braga (MDB) cada vez mais se consolida como o possível candidato da federação de esquerda ao governo do Amazonas. O fato, segundo Praciano, é decorrente da “necessidade pragmática de ganhar a eleição, substituindo o Bolsonaro e o pesadelo do fascismo e da barbárie”. Contudo, declarou que não cogita ser vice do emedebista, como alguns veículos aventaram recentemente.
“Aceitamos a estratégia do PT, do Lula. Não me passa a ideia de ser vice. Repito que se o Braga for indicado, é porque o PT acredita que ele poderá ajudar na recuperação do projeto de nação que não mais temos. Quero ser somente deputado estadual. Sou pré-candidato e estou empolgado para fazer o melhor mandato da minha vida, um mandato de pauta bem amazonense e amazônida”, concluiu Praciano.
