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Mulher e política, uma mistura urgente e necessária

Uma proposta de reflexão para o dia Internacional da Mulher.

“As mulheres têm um papel político muito importante e a capacidade de espalhar e de defender aquilo em que acreditam.” Ruth Cardoso.

 

É com muita satisfação que estou comemorando um ano como colunista deste Portal! Porém, também comemoro neste dia Internacional da Mulher meu primeiro artigo intitulado “As mulheres conquistaram o mundo”, em que faço uma abordagem sobre o papel e a importância indiscutível de todas as mulheres na constituição de nossas culturas e sociedades.

Relembro de que desde nossas origens as mulheres marcam as cadeias de DNA mitocondrial repassando sua genética para toda a humanidade, de que foram elas que inventaram a agricultura, um marco para a organização das civilizações, de que as mulheres somam 65% de todos os trabalhadores na área da saúde em nosso país, que somam mais de 70% da mão de obra na educação no Brasil. São de fato números consideráveis de que a contribuição e participação das mulheres no desenvolvimento da humanidade é gigantesca.

No entanto, mesmo diante de tal realidade, e que deveria nos deixar em alerta é sobre a participação feminina na política. Trata-se de uma das temáticas mais importantes que deveriam pautar dos nossos diálogos familiares até os aos mais importantes debates nos altos escalões decisórios de nossa sociedade: sobre o aumento da participação e presença ativa das mulheres nos cargos e decisões políticas em nosso país.

Parto do pressuposto de que jamais desenvolveremos uma sociedade mais justa e mais igualitária se permanecermos a colecionar estatísticas desiguais, em todos os aspectos de nossas vidas, principalmente quando se trata de participação democrática e igualitária no universo político brasileiro.

Se lançarmos um olhar para o cenário mundial, poderemos encontrar números relevantes de participação feminina na política, cerca de 30%, mas em território brasileiro estes números caem para apenas 15% oscilando de acordo com a participação feminina nos três poderes. Ruanda, Cuba, Nicarágua, México e Emirados Árabes Unidos mantém participação feminina na política em 50%, ou seja, um equilíbrio considerável. Enquanto o Brasil na 145ª posição não passa dos 15% de participação feminina. Confira toda a pesquisa em: https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2022/05/aliados-na-luta-por-mais-mulheres-na-politica.

Diante destes e mais dados estatísticos e diversos fatores históricos, nos resta uma observação: trata-se de um cenário consideravelmente desigual e, podemos afirmar, se há desigualdade, não há justiça, não há bem comum. Mas por que? Justamente pelo fato de que a mulher muito pode contribuir com seu jeito de ser, com sua natureza, com a sensibilidade feminina, para a configuração mais justa de todos os processos e instâncias da vida social brasileira.

É bem verdade que nossa sociedade está profundamente marcada pelo patriarcalismo, realidade esta que nos lega inúmeras situações em detrimento do sexo feminino, visto como inferior, subjugado aos ditames do macho, condicionado muitas vezes a cargos de não protagonismo no cenário nacional, ideias comumente utilizadas como argumento para justificar uma suposta inferioridade feminina. Até mesmo discursos religiosos com oratória teológica podem ser facilmente desenvolvidas para tal interpretação do lugar secundário da mulher na sociedade.

Se pararmos para fazer uma análise histórica mais profunda, todas essas nuances remetem a tempos mais antigos. Falar de sociedade ocidental é tomar como base uma tríade cultural que revelam as culturas grega, romana e judaico-cristã, ambas marcadas profundamente por uma ideologia patriarcal, o que não se poderia desligar de suas reais influências no mundo contemporâneo.

Em 2011 na ONU, a Declaração Conjunta sobre o Avanço das Mulheres Participação Política, afirmou: “mulheres em todas as partes do mundo continuam a ser marginalizadas na esfera política, muitas vezes como resultado de leis discriminatórias, práticas, atitudes e estereótipos de gênero, baixos níveis de educação, falta de acesso à saúde e também pelo efeito desproporcional da pobreza nas mulheres.”

 Se pensarmos que vivemos em um país democrático e que as prerrogativas legais nos transferem direitos e deveres iguais, poderemos desenvolver e repensar um cenário político, cultural e social mais igualitário, de uma participação feminina mais ativa e mais envolvida com as questões mais relevantes de nossa sociedade.

Temas como educação, saúde, trabalho, oportunidade e recursos poderiam se muito bem mais igualitários e menos injustos. Há sem dúvidas uma maneira feminina de abordar, de tratar dos problemas, de se fazer presente, de lutar. Esta maneira feminina está acanhada, pois ainda não há participação política feminina abrangente e considerável em nosso país. Para um maior aprofundamento destas questões, sugiro a leitura do texto: https://www.cenpec.org.br/oficinas/mulheres-na-politica-sim-senhor.

Desta forma, o presente artigo tem como principal objetivo reconhecer que já existe uma soma considerável de participação feminina nos diversos campos de atuação em nossa sociedade, e de certa forma reconhecer que isto nos concede e nos lega importantes contribuições.

É importante sempre relembrar das mães e mulheres educadoras, das cuidadoras, das mães solteiras solitárias provedoras do sustento de seus lares, das mulheres que atendem e recepcionam, das psicólogas, enfermeiras e médicas, das professoras, das mulheres cientistas e pesquisadoras… de nossas mães! No entanto e infelizmente, não podemos ainda festejar a considerável participação de nossas mulheres na política, por inúmeros fatores e motivações ideológicas presentes em nossa cultura.

Em âmbito social é importante uma retomada de rumos, nas leis, na educação, no mundo corporativo, do trabalho e da economia. Será importante uma retomarmos essa discussão em nossas escolas e universidades, bem como em nossas casas no seio familiar.

O mundo contemporâneo se encontra em uma encruzilhada diante de diversos desafios, e um deles é sobre a igualdade de gênero que perpassa uma reflexão ética de nossos valores morais e religiosos, de nossas Leis Capitais, que tem sido também uma das principais bandeiras dos Direitos Humanos. Agora não basta o reconhecimento, não bastam as felicitações e será insuficiente uma data comemorativa. Necessitamos de ação, necessitamos de mudanças. E, acredito eu, para que construamos uma sociedade mais igualitária e justa, necessitamos de uma maior participação e representatividade da mulher nos principais cargos decisórios de nossas sociedades, bem como de nosso país. O que não virá apenas de uma militância feminista, mas de que será necessária uma retomada de atitudes de toda sociedade e de todos os gêneros, poderes, classes e faixas etárias.

A todas as mulheres, meu máximo respeito, reconhecimento e admiração. Juntemos nossas forças e lutemos por uma sociedade renovada e por dias melhores!

Por Sérgio Bruno

É um livre pensador e professor formado em Ética e Filosofia Política, com mais de 15 anos de experiência na docência e formação de jovens e adultos. Atualmente também é professor em cursos pré-vestibulares na área de Ciências Humanas e suas tecnologias, atuando também como professor de Sociologia, Cultura Religiosa e Teologia. É apaixonado por temas como Cultura e Sociedade, Cidadania, Política, Direitos Humanos e Diálogo Inter-religioso. Adora livros, leitura e literatura e deseja convidar você para compartilhar pensamentos, ideias e reflexões diversas.

 

 

 

 

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