*Lucas dos Santos, da Redação Dia a Dia Notícia
Apesar da intensa crise econômica que atinge o país, com reflexos no Amazonas e na capital Manaus, nem todos sentem o baque da realidade. Longe das casas aglomeradas que se espalham por várias zonas da cidade, boa parte dos políticos que representam o estado vivem numa realidade muito diferente, e muito melhor.
Os senadores do Amazonas são um bom exemplo. Omar Aziz (PSD) possui residência e escritório funcional no condomínio Efigênio Sales, um dos mais luxuosos da capital amazonense. Localizado no bairro nobre do Aleixo, zona Centro-Sul de Manaus, o condomínio é bastante conhecido por ser a morada de pessoas com alto padrão de vida.
Outro exemplo é o do senador Eduardo Braga (MDB), com escritório funcional no Jardim Europa, localizado no bairro Ponta Negra, área nobre da zona Oeste de Manaus.
De propriedade dos senadores, dados do Senado Federal apontam que tanto Omar quanto Eduardo não utilizam verba parlamentar para alugar seus escritórios públicos.
Além deles, o senador Plínio Valério (PSDB) possui escritório funcional no edifício Skye Platinum Offices, localizado no final do bairro Chapada, zona Centro-Sul de Manaus, caracterizada por conjuntos e condomínios de classe média e classe alta. Ainda assim, o prédio é considerado de alto padrão e abriga escritórios de empresários e outras figuras políticas do Amazonas.
A prosperidade econômica dos representantes políticos do Amazonas contrasta com a vida da população. Apesar da queda do desemprego, a maioria está na informalidade. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 59,5% dos trabalhadores não possuem empregos com direitos trabalhistas garantidos. O monstro da inflação também voltou a correr o dinheiro do amazonense. O preço da cesta básica subiu 15% no mês de abril em relação a março.
Mesmo com tamanha diferença, a população não vê a vida de luxo dos senadores como um problema. A servidora pública Miracelia Monteiro afirmou que “não importa o local” onde os senadores vivem ou trabalham.
“Se eles têm escritórios em condomínio é porque tem condições, afinal [têm] salários milionários. Agora, se atendem qualquer pessoa sem discriminar, se é pobre ou rico, ótimo mesmo”, disse.
Por outro lado, o administrador Alberto Junior afirmou que os senadores se afastam da população ao se fecharem dentro de condomínios.
“Como que ele vai receber o povo, o pobre? Não dá, não tem como”, lamentou.
Respostas
A reportagem procurou os senadores para questionar a preferência por um condomínio fechado em vez de um local mais popular, e se essa falta de proximidade interfere na relação com as pessoas da cidade.
Em agenda no interior do estado, o senador Omar Aziz não pôde comentar o assunto no momento. A comunicação dos senadores Eduardo Braga e Plínio Valério não respondeu até a publicação desta matéria.
Posteriormente, o senador Plínio Valério, por meio de assessoria, informou que escolheu montar seu “escritório político em um prédio comercial [localizado] em um local central, com linhas de ônibus e acessível a todas as regiões da cidade”. O parlamentar ressaltou que é “mais econômico do que manter um escritório em uma residência”.
“Todos os cidadãos, associações, instituições, sindicatos e etc. que nos procuram são atendidos tanto no meu escritório em Manaus como no meu gabinete em Brasília. Estou acessível pelo meu telefone particular, assim como toda a minha equipe de assessores. Basta nos procurar pelo celular, telefone, e-mail, redes sociais que sempre atendemos com cordialidade e atenção”, afirmou o senador.
Plínio também afirmou que o fato de seu escritório estar localizado em um prédio comercial “não dificulta em nada nesse processo”.
“Basta apenas se identificar na portaria ao chegar, o processo é semelhante no Senado”, finalizou.
