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Curso na reserva Mamirauá promove o desenvolvimento sustentável para comunidades ribeirinhas na Amazônia

A qualificação de profissionais para atuar na gestão de projetos, no empreendedorismo e na exploração de recursos naturais de forma sustentável é  a proposta do curso técnico em gestão do desenvolvimento sustentável, ministrado na comunidade Punã, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, município de Uarini;

Em junho, foi realizada uma cerimônia de abertura, com palestras e visitas às novas estruturas, construídas para atender alunos e professores. O curso é promovido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), em parceria com Petrobras, Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) e Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema).

Idealizado para operar em um formato híbrido, com atividades remotas e presenciais, e em consonância com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU, o curso é voltado para os alunos da região que já concluíram o ensino médio. A estrutura curricular atende a realidade ribeirinha, capacitando moradores, sem que necessitem se deslocar da comunidade ou, até mesmo, residir em centros urbanos. No total, o curso abrange 55 alunos de nove comunidades do entorno. Com uma carga horária de 1200 horas e duração de um ano, a estrutura é composta por 27 disciplinas e quatro módulos.

Em relação à infraestrutura, erguida pela FAS por meio do Projeto Amazonas Sustentável, da Petrobras, são direcionados alojamentos para alunos e professores, além de salas de aula, biblioteca, laboratório de informática e refeitório. Tudo isso funciona no Núcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS) Márcio Ayres, um complexo de estruturas na RDS Mamirauá, idealizado e gerido pela FAS.

Egresso do ensino médio, o jovem Pedro Diamantino, 18 anos, da comunidade Punã, percebeu no curso um caminho para se especializar no tema. “É uma oportunidade única de se desenvolver aquilo que tem relação com a nossa vivência. Essa área de gestão ambiental é o que a gente vive diariamente e eu acho que é uma maneira de contribuir com a comunidade, porque vai desenvolver em nós aquilo que tem sido feito há gerações, sem que eu precise sair daqui e ir pra cidade”, afirma Pedro.

As expectativas da agricultora Dheynny da Silva, 34, sobre o conteúdo das aulas têm sido superadas a cada dia, segundo relata. “Eu não tinha conhecimento de muita coisa, principalmente sobre como preservar o meio ambiente. Hoje eu já sei da importância que isso tem para nós ribeirinhos e até mesmo para o país. Eu aprendi que se a gente desmatar, por exemplo, isso vai causar danos para as próximas gerações e até para as gerações atuais. A minha expectativa é que eu possa também ajudar a minha família, conscientizando todos eles para que a gente faça um trabalho que não venha a degradar a natureza”.

Para transformar a teoria em prática, a formação prevê um projeto final por meio da apresentação de um plano de negócios, como explica Anderson Mattos, gerente do Programa de Educação para a Sustentabilidade (PES), da FAS: “Será feito um aporte de recursos para que os alunos possam desenvolver esses planos, relacionados à geração de renda e que estejam de acordo com a vocação produtiva do município, mas também haverá projetos que trabalhem a tecnologia social, buscando soluções para os problemas da comunidade”.

De acordo com o Superintendente Geral da FAS, Virgilio Viana, o curso de gestão do desenvolvimento sustentável surge da necessidade de se ter um profissional eclético. “O aluno precisa ser capaz de ver todas as dimensões do desenvolvimento sustentável, englobando todos os 17 ODS. Essa é uma formulação inovadora, tanto nacional quanto internacionalmente. Acreditamos que o curso possa servir para outros estados da Amazônia e também para a América Latina e o mundo”.

Durante a inauguração do curso, Viana também realizou uma aula magna para os alunos sobre os desafios do desenvolvimento sustentável na Amazônia, onde explicou sobre as consequências atuais das mudanças climáticas e a realização de projetos que se adaptem a essa realidade. O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, Érico Desterro, também esteve presente e ministrou uma palestra intitulada “Ética e transparência nas instituições públicas”.

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