O ministro da Saúde, Nelson Teich, declarou em entrevista coletiva na última quinta-feira, dia 30, que o Amazonas é prioridade. Segundo ele, 180 leitos foram habilitados para o Estado. Dos R$ 482 milhões em apoio que serão liberados na próxima semana, R$ 116 milhões vão para custear as despesas do combate à pandemia no estado.
Outra medida anunciada na entrevista coletiva foi o envio de 581 profissionais de saúde para reforçar a atuação das equipes de saúde em Manaus. Eles chegarão à capital no domingo e passarão por um treinamento realizado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Realidade
O Amazonas é um dos estados com maior incidência de covid-19. Boletim divulgado na quinta-feira (30) pelo governo do estado registrava 5.254 casos confirmados e 425 mortes. De acordo com o balanço, 264 pacientes internados, sendo 135 em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), e 1.639 pessoas que se recuperaram da doença.
O centro da pandemia no estado é a capital, Manaus. Conforme a atualização divulgada pelo governo estadual, eram 3.273 casos confirmados e 312 falecimentos em decorrência da doença. A prefeitura chegou a informar até 140 sepultamentos em um único dia nos cemitérios da capital.
No último sábado (25), o governo enviou ofício ao Ministério da Saúde reforçando o pleito de abertura de hospitais de campanha em Manaus, a oferta de equipamentos e também de recursos humanos. O governo alega que tem encontrado dificuldade para contratar pessoas em unidades de saúde. No total, foram solicitados recursos para contratação de 60 médicos para atuação em UTIs, 20 médicos para realizar a coordenação nesses locais, 20 enfermeiros para UTIs e 80 fisioterapeutas.
Além disso, foram solicitadas a habilitação de leitos e autorização para gerir o hospital universitário Getúlio Vargas. O pleito já havia sido apresentado pelo governador Wilson Lima ao vice-presidente Hamilton Mourão no dia 20 de abril. No total, seis documentos com pedidos de apoio foram enviados ao Ministério da Saúde e à vice-presidência da República. Outra reivindicação é a liberação de respiradores adquiridos de uma fábrica brasileira e bloqueados por decisão do Ministério da Saúde.
Recursos
O governador Wilson Lima quer aplicar na saúde R$ 450 milhões referentes à parcelas devidas pela administração à bancos públicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, informou que solicitou ao novo secretário executivo do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, tomógrafos (para visualizar manchas no pulmão), mais testes e equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais da saúde.
Em uma videoconferência da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) realizada no último dia 29, Neto afirmou que o isolamento social é um fracasso na cidade e que o sistema de saúde entrou em colapso pelo crescimento de casos na capital. “Tínhamos 30 a 32 enterros por dia, que correspondiam a gripes sazonais. Temos nunca menos que 100, e chegamos a 140 ontem (28). É um quadro dramático. O sistema de saúde colapsou, pois suas capacidades de atendimento estão sendo muito rapidamente esgotadas. Então as respostas não são as que nós idealmente gostaríamos de oferecer”, declarou.
Arthur Virgílio condenou a defesa contrária ao isolamento social pelo presidente Jair Bolsonaro.
Demandas judiciais
No dia 16 de abril, o juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Amazonas, Paulo de Brito Feitoza, determinou a abertura de todos os leitos do hospital Delphina Aziz e abertura de leitos em outras unidades.
Além disso, outras ações ajuizadas pelo Ministério Público de Amazonas tiveram ganho de causa para prover maior estrutura de atendimento. É o caso de causas determinando ao Governo do Estado a construção de 13 leitos de UTI em Parintins e de 10 leitos de UTI em Itacoatiara.