*Lucas dos Santos – Especial para Dia a Dia Notícia
A presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), conselheira Yara Lins, admitiu uma denúncia contra a prefeita de Eirunepé, Professora Áurea (MDB), por suspeita de favorecimento em contratações públicas no município com as empresas SGP Gestão Pública e Empresarial Ltda e CAP Gestão Pública e Empresarial Ltda. A denúncia afirma que os sócios de ambas as empresas têm parentesco com a atual chefe do Executivo municipal.
O autor da denúncia é Anderson Pereira de Araújo, ex-candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e derrotado por Professora Áurea em 2024. O petista era o candidato do ex-prefeito Raylan Barroso (União), de quem foi secretário de Obras. Segundo ele, as empresas contratadas pela gestão atual pertencem a um casal: Cristiano Alexandre Pissolato consta como sócio-administrador da CAP, enquanto Antônia Elena Campelo das Neves Pissolato é a sócia da SGP.
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Além disso, Antônia Elena, segundo o documento, é sobrinha do prefeito de Itamarati, João Campelo (MDB), o qual é marido da prefeita de Eirunepé. Anderson Pereira de Araújo afirma ainda que em 2017 “houve um escândalo envolvendo João Campelo e a sobrinha, diante da contratação da mesma como funcionária da Associação dos Municípios que era presidida pelo tio”.
Ela participou ainda do gabinete de transição de Professora Áurea durante o fim da gestão de Raylan Barroso, enquanto Cristiano Alexandre ocupou o cargo de secretário de Finanças em Itamarati, sob a gestão de João Campelo. O denunciante aponta que desde que Professora Áurea assumiu o cargo, foram firmados quatro contratos com as empresas suspeitas – três com a CAP e um com a SGP – no valor total de R$ 624 mil.
“Portanto, nobre conselheiro de contas, está clara a contratação por parte da prefeita de Eirunepé de empresas ligadas a sua sobrinha e seu esposo, que já fazem os cofres do município suportarem gastos acima do meio milhão de reais com essas pessoas jurídicas. Ressalta-se que as empresas em questão não eram fornecedoras de serviços ao município de Eirunepé antes do início deste mandato, nem ostentam fama em mercado que lhe atribua os requisitos autorizadores de inexigibilidade”, escreveu.
O ex-secretário acusa a prefeita de improbidade ao dispensar licitação para contratar as empresas e pede que sejam suspensos os pagamentos dos contratos, bem como se apure a responsabilização dos agentes. Com a admissão da denúncia por Yara Lins, o pedido cautelar deverá ser avaliado pelo relator do processo, conselheiro Ari Moutinho Júnior, que está de férias outra vez desde fevereiro.
Histórico de embates
Professora Áurea e Anderson se enfrentam desde a campanha eleitoral de 2024, apesar de a maioria dos ataques atribuídos a ela supostamente terem origem no ex-prefeito Raylan Barroso, a quem a então candidata chegou a acusar de violência política de gênero.
Em coletiva de imprensa, Professora Áurea afirmou que apoiadores de Raylan e Anderson continuamente a ofendiam nas redes sociais e depois passaram a persegui-la durante suas caminhadas pelo município. Ela afirmou que os perseguidores eram contratados de Raylan Barroso.
“Eram agressões diretas, agressões à minha pessoa, ofensas na tentativa de diminuir, de manchar minha imagem moralmente. Inclusive nas redes sociais [faziam] referências à minha família, ao meu casamento, mas eu fui suportando tudo isso”, disse à época.
Em abril deste ano, a prefeita acusou Anderson Araújo de fazer denúncias infundadas contra sua gestão no TCE-AM sobre a contratação de uma empresa para prestar serviços de infraestrutura. A gestão de Professora Áurea afirmou que a licitação para esse fim foi amplamente divulgada, “adotou o critério do menor preço pro item e não recebeu impugnação durante o prazo previsto”.
