*Lucas dos Santos, da Redação Dia a Dia Notícia
Senadores que fazem oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) recolheram as 27 assinaturas necessárias para instaurar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre as suspeitas de corrupção dentro do Ministério da Educação (MEC). O perfil do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou os nomes nas redes sociais.
O último assinar o requerimento foi o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), conforme publicou a assessoria de Randolfe Rodrigues. Em seu perfil oficial, Veneziano afirmou que “sempre foi um defensor de investigações, em casos como este, para que se obtenha a verdade dos fatos”.
ATENÇÃO! Acabei de receber a comunicação do Querido e combativo Senador @venezianovital de que assinará a CPI do #BolsolaodoMec com isso temos o mínimo constitucional para pedir a instalação.
— Randolfe Rodrigues 💉👓 (@randolfeap) April 8, 2022
Acabamos de assinar o requerimento para a instalação da #CPIdoMEC. Com nossa assinatura, foi alcançado o número regimental para a instalação. Sempre fui um defensor de investigações, em casos como este, para que se obtenha a verdade dos fatos. Não poderia ser diferente agora. https://t.co/VE0JIH208F
— Senador Veneziano ✌️ (@venezianovital) April 8, 2022
Dos três senadores do Amazonas, apenas Omar Aziz (PSD-AM) assinou o pedido de instalação da CPI. Ao jornal A Crítica, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que não assinará qualquer pedido de CPI até a implantação da Comissão Parlamentar de Inquérito das ONGs, pedida por ele.
“A CPI das ONGs já estava no gatilho quando o [ministro do STF Luís Roberto] Barroso mandou instalar a CPI da Covid. E eu não vou assinar outra CPI pra atropelar a minha. Essa é a minha posição”, delcarou Plínio.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM), até o presente momento, não se proncuniou sobre o assunto.
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Propina em ouro e bíblias
A CPI do MEC busca investigar uma série de suspeitas de corrupção no ministério, reveladas pela imprensa no mês de março. O esquema revelado pelos jornais Estadão e Folha de S. Paulo envolvia os pastores evangélicos Arilton Moura e Gilmar Santos. Em uma gravação vazada, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro dizia a prefeitos que repassava verbas da pasta a municípios indicados pelos pastores. No áudio, Milton afirmava que a indicação era um pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Na última terça-feira (05/04), a Comissão de Educação do Senado Federal ouviu cinco prefeitos que relataram os pedidos de propina. Segundo Gilberto Braga (PSDB), prefeito da cidade de Luiz Domingues (MA), o pastor Arilton Moura pediu propina de R$ 15 mil para protocolar as demandas do prefeito no Ministério da Educação. O religioso teria pedido ainda 1kg de ouro para liberar a verba assim que fosse empenhada.
Outros quatro prefeitos fizeram relatos semelhantes na comissão. O prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro (Cidadania), revelou ao jornal O Globo que participou de um encontro oficial com Milton Ribeiro em março e que, logo após a saída do ministro, ele e outros prefeitos tiveram que conversar com os pastores evangélicos.
“[Arilton Moura] disse que eu teria que dar R$ 15 mil para ele naquele dia para ele poder fazer a indicação. [Moura disse] ‘transfere para minha conta, é hoje (…). No Brasil as coisas funcionam assim. [Ele] sugeriu que eu desse uma oferta para a igreja, comprasse as bíblias para ajudar na construção da igreja. Seria uma venda casada. Eu teria que comprar essas bíblias, porque ele estava em campanha para arrecadar dinheiro para a construção da igreja”, disse o prefeito.