O Estado do Amazonas apresenta redução de 20% no número de casos de malária na comparação entre os primeiros nove meses de 2020 com os de 2019. Dados gerenciados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) apontam para registro de 40.263 casos, e janeiro a setembro de 2020, e 50.342 no mesmo período do ano passado.
De acordo com a diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Costa Pinto, o período sazonal da malária iniciou em julho e segue até o fim de outubro em todo o estado.
A orientação é que as secretarias municipais de saúde intensifiquem o controle, principalmente, nas cidades que apresentaram aumento de casos. “As ações de controle, por meio de busca ativa, diagnóstico e tratamento oportunos, além de ação integrada são importantes e contribuem para o controle de casos de malária”, ressaltou Rosemary.
A redução também foi verificada, em nível municipal, em dez dos 16 municípios do Estado que mais apresentaram casos de malária de janeiro até 30 de setembro: Manaus (-20,27%); Barcelos (- 48,40%); Santa Isabel do Rio Negro (- 42,80%); Lábrea (- 30,36%); Coari (- 41,64%); Tefé (-45,02%); Atalaia do Norte (-12,88%); Ipixuna (-24,06%); Canutama (-11,82%) e Manicoré (-4,28%).
Já os demais municípios com mais casos apresentaram aumento nos registros da doença: São Gabriel da Cachoeira (11,17%); Tapauá (72,82%); Carauari (1,27%); Eirunepé (162,05%); Jutaí (23,28%) e Maués (46,84%). Os dados constam no Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica – Malária (Sivep-Malária), do Ministério da Saúde.
O município de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros a noroeste de Manaus) é o único do Alto Rio Negro que apresentou aumento de casos. O chefe do Departamento de Vigilância Ambiental da FVS-AM (DVE/FVS-AM), Elder Figueira, apontou que uma equipe de técnicos da FVS-AM estão, desde o último domingo (04/10), apoiando ações locais de intensificação da vigilância e controle da malária.
“Estamos no período sazonal de maior ocorrência de casos em São Gabriel da Cachoeira. Além de dar suporte à vigilância da cidade, a nossa equipe técnica está propondo parcerias entre instituições locais para garantir a continuidade de medidas no período de troca de líderes municipais que pode ocorrer nas próximas eleições”, detalhou o chefe do DVA/FVS-AM.
Depois da crise enfrentada em 2018, São Gabriel volta a liderar o ranking de malária no Brasil em 2020, seguido por Cruzeiro do Sul, no Acre. Dos 7,4 mil casos de malária em São Gabriel esse ano, 31% são do tipo Falciparum, somando 2.164 casos. O número está muito acima do considerado aceitável na Amazônia Legal, que é de até 10% das ocorrências da doença serem do tipo falciparum, explicou Myrna Barata, coordenadora estadual do programa de malária da FVS-AM.
Igualmente preocupante é constatar que, além de São Gabriel da Cachoeira, os municípios vizinhos de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos também figuram entre os 10 com mais casos de malária em 2020 no Brasil.
Marivelton Barroso, presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), do povo Baré, afirmou que o panorama é insustentável na região e exige esforços urgentes das instituições públicas responsáveis. “Quando isso [malária] aumenta fora de controle e São Gabriel volta a ter alto índice, fica demonstrado que os serviços não estão bons. Temos que ter busca ativa intensiva. O governo precisa assumir responsabilidade conjunta entre estado e município para garantir o bem-estar da população, sobretudo dos povos indígenas do Rio Negro”, disse.
A malária é uma doença endêmica que, a cada ano, afeta cerca de 230 milhões de pessoas e mata aproximadamente 430 mil no mundo. A carga e os óbitos podem ser reduzidos através da liderança e ação coletiva dos países e territórios
Municípios
No ranking das cidades amazonenses que mais apresentaram registro de casos de malária este ano estão: São Gabriel da Cachoeira (7.293); Manaus (3.748); Barcelos (3.265); Tapauá (2.779); Santa Isabel do Rio Negro (1.898); Lábrea (1.876); Coari (1.648); Carauari (1.516); Tefé (1.208); Eirunepé (1.153); Atalaia do Norte (1.143); Ipixuna (1.095); Jutaí (1.059); Canutama (977); Manicoré (961) e Maués (928).
Referência
A FVS-AM é responsável pela Vigilância em Saúde do Amazonas, incluindo o monitoramento de indicadores de doenças, como a malária, por meio do Departamento de Vigilância Ambiental (DVA/FVS-AM). A instituição funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na avenida Torquato Tapajós, 4.010, Colônia Santo Antônio, Manaus. Os números para contato são (92) 3182-8550 e 3182-8551.