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São Gabriel da Cachoeira (AM) é nomeada capital estadual dos povos indígenas; 90% da população é indígena

O município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, foi nomeado capital estadual dos povos indígenas. O projeto de lei do deputado estadual do Amazonas Tony Medeiros transformou a cidade de pouco mais de 40 mil habitantes num símbolo da população indígena. Mais de 90% da população da cidade é indígena, o que faz do município o maior em termos de povos indígenas do país e o local possui quatro idiomas oficiais: português, nhengatu, tukano e baniwa. Além disso, a cidade se destaca por abrigar 23 etnias indígenas.

O projeto de lei foi criado no ano passado, mas aprovado no último mês e prevê que São Gabriel da Cachoeira, a 850 km de Manaus, seja reconhecida e vista como uma “cidade dos brasileiros originais”, além de tornar-se um destino turístico mais requisitado. O município é um gigante em extensão territorial e possui a maior reserva de nióbio do mundo.

— São Gabriel da Cachoeira é uma cidade que subsiste basicamente da agricultura, cultivo familiar e extrativismo, mas tem um enorme potencial turístico. Por isso, essa nomeação é importante: para atrair os olhares do Brasil e do mundo para este lugar tão rico — disse o deputado.

Entre os 897 mil indígenas que existem no Brasil, de acordo com o IBGE, 517 mil vivem em terras reservadas. Os outros cerca de 380 mil vivem em cidades e regiões metropolitanas. Só em Manaus, capital amazonense, vivem mais de 35 mil indígenas, incluindo os imigrantes venezuelanos warao. Lá, são 47 povos indígenas brasileiros e estrangeiros que recebem cestas básicas da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime).

São Gabriel da Cachoeira  é um destino turístico ainda não tão conhecido no resto do país. Marcivana Sateré-Mawé, coordenadora da Copime, reconhece que o título agrega na visibilidade das populações indígenas do município, mas ressalta que é necessário mais do que uma nomeação:

— As nossas aldeias que foram transformadas em cidades, e posteriormente em capitais, foram sem dúvida o meio mais eficaz de colonização e extermínio de muitos povos. Reconhecer e visibilizar essa presença dos povos que resistem em seus antigos territórios (cidades) é sobretudo o início do pagamento dessa dívida histórica que o Brasil tem com os indígenas — explica.

Marcivana afirma que as lideranças indígenas não foram consultadas para a criação da lei, e que isso atrapalha o processo de dar voz aos nativos indígenas.

— A invisibilidade nega muitos direitos: nega direito à saúde e educação diferenciadas e, principalmente, ao território. Sem identidade não há território e território sem identidade não existe. É preciso discutir essa questão territorial, discutir a relação entre o índio e as cidades e como delimitar essa questões para os povos indígenas — ressalta a ativista.

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