*Lucas dos Santos, da Redação Dia a Dia Notícia
Usado para comprar apoio de parlamentares no Congresso Nacional, o chamado Orçamento Secreto, como ficou conhecido o uso das emendas de relator, irrigou principalmente as bases aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo, pelo menos 290 deputados e senadores receberam recursos e distribuíram pelo país sem qualquer transparência. Conforme dados ainda incompletos e divulgados com muita dificuldade pela Câmara e o Senado, os maiores beneficidados foram os caciques do Centrão e parlamentares fiéis ao governo federal.
O valor total das emendas de relator chega a R$ 36 bilhões, dos quais R$ 3,2 bilhões foram empenhados e utilizados entre 2020 e 2021. O maior beneficiado foi o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que recebeu R$ 295,23 milhões. Em 2020, Alcolumbre era presidente do Senado Federal e detinha o controle de boa parte da verba, além de manter boa relação com o Palácio do Planalto na época.
Entre os dez maiores beneficiados estão muitos nomes aliados do presidente Bolsonaro como do senador Ciro Nogueira (PP-PI), atualmente ministro da Casa Civil, que recebeu R$ 145 milhões; o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ex-líder do governo no Senado e um dos principais defensores de Bolsonaro na CPI da Pandemia, que recebeu R$ 125 milhões; e o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), recebedor de R$ 114,65 milhões.
Bancada amazonense
Dos 11 parlamentares do Amazonas no Congresso Nacional, quatro foram agraciados com recursos do Orçamento Secreto: o deputado bolsonarista Delegado Pablo (PSL), que recebeu R$ 1,5 milhão; o deputado Sidney Leite (PSD), membro do bloco conhecido como Centrão, recebedor de R$ 7 milhões; e os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), que receberam respectivamente R$ 51,41 milhões e R$ 41 milhões, apesar de os dois terem sido opositores do governo federal durante a condução da CPI da Pandemia, presidida por Aziz.
Até a publicação desta matéria, não foram constadados o recebimento de recursos pelos deputados Alberto Neto (Republicanos), Átila Lins (PP), Bosco Saraiva (Solidariedade), José Ricardo (PT), Marcelo Ramos (PL) e Silas Câmara (Republicanos), bem como o senador Plínio Valério (PSDB).