A operadora de planos de saúde Prevent Sênior ocultou o número de mortes de pacientes que participavam de um estudo sobre a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina, como tratamento à Covid-19. A revelação está em um dossiê destinado à CPI da Covid, ao qual a GloboNews teve acesso.
A pesquisa foi apoiada por Jair Bolsonaro (sem partido) em sua defesa do Kit Covid, cuja ineficácia foi comprovada em diversos estudos.
O dossiê foi elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent e há denúncias de que a disseminação da cloroquina e de outros medicamentos foi parte de um acordo com o governo Bolsonaro.
Número de mortos foi o dobro
A pesquisa teve início em 25 de março de 2020 e teve os resultados preliminares divulgados em 15 de abril do mesmo ano.
Por mensagem em aplicativos, o diretor da operadora, Fernando Oikawa, passa informações sobre o estudo e afirma aos subordinados que os pacientes e os familiares não devem saber que a medicação foi utilizada. “Iremos iniciar o protocolo de HIDROXICLOROQUINA + AZITROMICINA. Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR, (sic) sobre a medicação nem sobre o programa.”
No total, foram nove mortes, sendo seis no grupo que tomou a cloroquina e dois no grupo que não recebeu esse tratamento. Há um paciente cuja informação sobre o protocolo não foi divulgada.
Os pacientes que tomaram a cloroquina e morreram são duas mulheres de 79 e 70 anos e quatro homens de 85, 62, 83 e 82 anos. Já os que não receberam o tratamento e morreram foram uma mulher de 82 anos e um homem de 68 anos. A nona morte, paciente que não sabe-se o tratamento utilizado, foi de um homem de 66 anos.