*Da Redação Dia a Dia Notícia
O pescador José Cardoso Lemos, de 49 anos, recebeu na segunda-feira (27), um Certificado de Louvor por seu ato de bravura, no prêmio IMO por Bravura Excepcional no Mar, da Organização Marítima Internacional (IMO). Lemos resgatou 35 pessoas com vida de uma embarcação que naufragou no Pará.
O caso aconteceu em setembro de 2022, quando José se preparava para trabalhar com o filho e o sobrinho nas proximidades da Ilha de Cotijuba, no Pará. Ele foi avisado por outro pescador que uma embarcação regional de transporte de passageiros havia naufragado. O pescador foi ao local do acidente e se deparou com uma cena que “parecia filme de terror”.
“Tinham umas 80 pessoas gritando por socorro na água, a grande maioria mulheres de idade, um desespero total. As pessoas estavam amontoadas em boias maiores e outras estavam agarradas a assentos da embarcação, na esperança de flutuar. A primeira tinha 16 pessoas, já a segunda em torno de umas 23”, disse o pescador.
José Cardoso Lemos começou a colocar os náufragos em seu barco e, para aumentar o espaço em sua embarcação, jogou todo o seu equipamento de pesca na água. O pescador fez duas viagens até a Praia da Saudade, onde ambulâncias e a própria população prestavam os primeiros socorros às vítimas. Lemos tentou fazer uma terceira viagem, mas, ao retornar, encontrou o restante das vítimas sem vida. Ao todo, ele resgatou 35 pessoas com vida e 9 corpos.
José é filho de pescador e começou a trabalhar na atividade aos 12 anos. Recentemente, ele sofreu um acidente em uma embarcação, que levou à perda de metade dos movimentos do lado esquerdo do corpo. A condição física não o impediu de atuar no resgate, que lhe trouxe prejuízos econômicos pelos equipamentos que foram comprados ao longo de uma vida e deixados para trás.
Com ajuda de um empresário, José conseguiu recuperar o equipamento perdido. Ele, no entanto, passou a enfrentar dificuldades ao trabalhar. A rotina puxada o deixa debilitado e, atualmente, o pescador sonha em conseguir a sua aposentadoria.
“Eu vivo doente. Passo uns 15 dias em alto-mar e um mês parado. O barco é pequeno: a gente come mal comido, dorme mal dormido… é assim que funciona. Não tenho mais condição de pescar. Estou brigando por uma aposentadoria, porque a minha família depende de mim. A Marinha está me ajudando com isso. Se não fosse por eles, eu não estaria aqui “, diz José, emocionado.
*Com informações do jornal O Globo