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O que (esperar) assistir quando se está esperando

Segundo o dicionário, a palavra “esperar” significa não agir, não tomar decisões, não desistir de algo até a efetuação de um evento que se tem por certo, ou provável ou desejável. Ou seja, é ficar parado mesmo, passivamente, lidando com as caraminholas geradas dentro das nossas cabeças e sem poder fazer qualquer coisa com elas. Difícil, viu?

 

Estou grávida pela segunda vez e meu primeiro filho, Tomás, nasceu com exatas 40 semanas. Confesso que até esse marco específico eu estava tranquila achando que este seria o máximo de tempo que a Cora passaria na mesma residência, que, no caso, é o meu útero. Mas ela resolveu estender o contrato e cá estamos com uma inquilina que não dá satisfação e uma proprietária louca. (Pelo fim do contrato e pelo controle das coisas, claro.)

 

Aprendi com a experiência que entrar em trabalho de parto, sendo um desejo meu, e seguir com ele até o fim envolve também a cabeça da gente estar boa e relaxada. Assumo também que essa espera sem data, ainda que uma escolha consciente, mina um pouco a confiança na gente mesma. O corpo, cada vez mais cansado, parece que perde força, o subconsciente começa a questionar certos pensamentos há muito tido como resolvidos, e, ao mesmo tempo, precisamos manter viva a paciência, que é a maestrina do processo. É impressionante como esse trinômio duramente construído de Convicção-Coragem-Confiança parece frágil e com prazo de validade para nós mulheres. Mas isso é papo mais longo, para um texto pós-nascimento da Cora.

 

Para elevar os níveis de ocitocina, hormônio do amor e prazer que rege o trabalho de parto, precisamos fazer coisas gostosinhas para a gente, ainda que pareçam muito simples. Haja filme, livro, série, passeio e sorvete, viu? Essa semana listo seis séries/filmes bem ecléticos, assim como eu, a que assisti recentemente e gostei (e que de quebra estão me ajudando na indução do parto da Cora – tomara!), e que espero que elevem o nível do hormônio por aí também. Afinal, ocitocina nunca é demais, seja com um bebê alugando útero ou não. 🙂

 

 

Morte no Nilo

 

Inspirado no clássico da Rainha do Crime, Agatha Christie, publicado originalmente em 1937, acompanhamos Hercule Poirot (um carismático Kenneth Branagh)  em uma viagem de férias ao Egito. Ou pelo menos era isso que ele almejava inicialmente. Conhecemos os recém-casados, a milionária Linnet Ridgeway (Gal Gadot) e o marido humilde Simon Doyle (Armie Hammer), que, em lua de mel, precisam lidar com a perseguição de Jacqueline de Bellefort (Emma Mackey), ex-namorada de Simon e ex-amiga de Linnet, que não se conforma em ter sido trocada. Um assassinato acontece a bordo do luxuoso barco que atravessa o Nilo e leva os convidados desta lua de mel, que acaba se desenrolando de forma bem diferente do planejado.

Nos cinemas.

Meu ano em Nova York

 

Filme para quem gosta de livro e de mercado editorial! A história, baseada em um livro de não ficção (My Salinger year, de Joanna Rakoff), se passa em 1995 em Nova York. Joanna (Margaret Qualley) quer ser escritora, mas é contratada como secretária na agência literária responsável pelos direitos das obras de J.D. Salinger. Uma de suas funções é responder às cartas dos leitores que escrevem para o autor – são muitas – com um texto padronizado da agência. O que aconteceria se ela resolvesse começar a responder de uma forma mais… pessoal?

 

O filme é destes que aquecem o coração, que jogam a gente dentro do mundo dos livros ainda quando a internet era mato, tratando de assuntos como a interatividade com os leitores (tão natural hoje com as redes sociais), os detalhes do trabalho em uma agência literária e até os almoços com autores que hoje são muito reconhecidos e que à época só estavam começando.

Na Netflix.

O Beco do pesadelo

 

O novo filme de Guillermo Del Toro leva quem assiste para o mundo bizarro do circo de 1940, onde as grandes atrações locais envolviam, além de adivinhações e mentalismo, uma exploração de possíveis deformações nos corpos das pessoas como números circenses. Assim como outras obras do autor, tem algo de animalesco, noir e decadente que rege toda a produção. Stanton Carlisle (Bradley Cooper) começa como um assistente de circo muito carismático e vai se tornando, aos poucos, um grande charlatão que não só vende a ideia de que é um adivinho e mágico, mas que também consegue se comunicar com os mortos e o além.

 

Carlisle, em busca de mais dinheiro e poder, se muda para Nova York e conhece a também ambiciosa Lilith Ritter (Cate Blanchett), psicóloga, e vê nesse encontro uma possibilidade de faturar ainda mais com informações que ela tem sobre os pacientes. E a partir daí o filme se transforma ainda mais em algo obscuro e animalesco. Uma história sobre decadência humana, limites morais e instintos descontrolados.

Nos cinemas.

 

 Spencer

 

Eu já estava louca para assistir desde que vi as primeiras fotos de Kristen Stewart caracterizada como a princesa Diana. Que figurino e maquiagem impecáveis e que atuação da eterna Bella de Crepúsculo. O filme cumpre todo o check-list de películas sobre a Família Real Britânica: roupas e locações luxuosas, fotografia de tirar o fôlego e intrigas e fofocas, claro. A história se passa na casa de campo  da família no feriado de Natal de 1991, anos antes da separação oficial, que aconteceu em 1996. O filme acompanha a solidão da Princesa de Gales de forma que o espectador parece saber o que se passa dentro da cabeça de Diana, em cenas de suspense e drama. Assistimos ao isolamento desta mulher e a todas as obrigações impostas a quem de alguma parte está envolvido com a Família Real Inglesa. Sigo impressionada de como mesmo depois de 25 anos da morte de Diana essa história ainda pode mexer tanto com a gente.

Nos cinemas.

Por que as mulheres matam 2

 

Ao contrário da primeira temporada, que envolve a interconexão em três décadas diferentes para responder à pergunta sobre o que leva uma pessoa a matar alguém, a sequência de dez episódios agora gira em torno de um único enredo: Alma Ficcot (Allison Tolman). Mulher de classe média nos anos 1940 nos Estados Unidos, ela tem o sonho de ser aceita no seleto clube de jardinagem de sua cidade. Quando uma das integrantes morre ela vê uma chance de concorrer, porém, ela será duramente menosprezada pela presidente do clube, Rita (Lana Parrilla), uma mulher linda, poderosa e rica que manda e desmanda na cidade e que tem um marido velho rico e um passado um tanto nebuloso.

 

Toda o enredo se desenvolve a partir do confronto entre essas duas mulheres, que, a principio, parecem ter seus perfis bem claros e definidos, mas que com o passar das horas vão se transformando. Destaque também para o marido da Alma, Bertram (Nick Frost), um veterinário aparentemente bonachão e que guarda um segredo bizarro, e toda a caracterização da época: carros, figurinos e cenários que remontam lindamente o colorido da década. Mesmo ainda gostando mais da primeira temporada, foi ótimo acompanhar novas motivações de personagens que parecem se comportar de uma forma pré-definida, mas que, tomados pela ambição e pelas poucas migalhas que recebem, se transformam totalmente.

No Globoplay.

Don’t f*ck with cats: uma caçada on-line

 

[Aviso de gatilho: maltrato aos animais]

 

Conspiração, internet e detetives nerds.  Lançada em 2019 e com três episódios, a minissérie é dessas coisas que a gente assiste não acreditando que pode ter acontecido de verdade. O caso começa em 2010 quando um vídeo cruel de um jovem matando dois gatos é colocado na internet causando comoção e revolta on-line. Assim, foi criado um grupo no facebook onde os integrantes começam uma verdadeira caçada para descobrir – e punir – o autor do vídeo e do crime.  Eles assistiram ao vídeo centenas de vezes e descobriram detalhes remontando o cenário do crime com pesquisa on-line e pasmem – filmes clássicos do cinema. O que eles não imaginavam é que esse primeiro vídeo era só a ponta do iceberg e que essa comunidade de detetives iria acabar sendo de grande valia para as polícias do Canadá, da França e da Alemanha encontrarem o verdadeiro culpado.

 

É uma série que toca em temas importantes além da própria internet, como o culto às celebridades, a necessidade de ser reconhecido e famoso e, claro, o desequilíbrio emocional e os traumas pessoais.

Na Netflix.

Colunista:

Heloiza Daou é movida à palavra e um pouco obsessiva. É diretora de marketing na Intrínseca e também mãe do Tomás, o job mais insano e amado da vida.

 

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