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O que é o Turismo LGBTQIA+?

Over 500,000 people arrived at Rome's infamous Colosseum to celebrate and protest for LGBTQ+ rights, including British and Canadian support. People danced and sung their way down Rome's ancient cobblestone roads in a massive show of comradery and acce

Junho é celebrado como o Mês do Orgulho LGBTQIA+, com destaque especial para o dia 28. Foi nesta data que em 1969 aconteceu o que ficou marcado como a Revolta de Stonewall, série de protestos contra a invasão policial ao bar Stonewall Inn, no bairro de Greenwich Village, em Nova York, conhecido como um reduto LGBTQIA+, em uma época em que era proibida a reunião de pessoas da comunidade em locais públicos da cidade.

As ações contra a repressão, no entanto, estimularam a luta pelos direitos desta população nos Estados Unidos e são consideradas um marco do movimento no mundo segundo a CNN Brasil.

Assim, a data joga luz a sentimentos que enaltecem o respeito à diversidade, à inclusão, à representatividade e o orgulho de ser quem se é. Dentro disso, uma das atividades que tem ganhado cada vez mais destaque entre a população é o turismo LGBTQIA+, nicho de mercado específico focado na procura por destinos e produtos que garantam segurança e acolhimento.

O que é o turismo LGBTQIA+

Em linhas gerais, é um nicho do turismo com foco na população LGBTQIA+, o que engloba destinos, estabelecimentos e prestadores de serviço que apoiam e protegem a comunidade. Por definição, é qualquer produto turístico que possui preparo e está focado também em atender a população.

Segundo Otavio Furtado, diretor da Câmara LGBT, entidade que representa o turismo LGBTQIA+ no Brasil, é importante ressaltar que este tipo de turismo inclui tanto os produtos exclusivos e focados nessa população quanto aqueles inclusivos. “É um nicho de mercado que não está à parte, mas sim integrado ao turismo como um todo”, diz.

O turista LGBTQIA+ é um tipo de viajante que flutua também por outros recortes do turismo, como a terceira idade, turismo em família, de luxo, entre outros. A diferença é que ele pertence à comunidade ou, se não pertence, está procurando destinos e produtos que são focados a essa população.

O que o turista LGBTQIA+ procura?

Quer ser tratado com respeito e dignidade assim como qualquer outro viajante. Mas há algumas questões que devem ser levadas em consideração. “Várias são as pesquisas que apontam que o primeiro item levado em consideração pelo é a segurança. E quando falamos disso nos referimos à segurança de ser bem acolhido. É de não sofrer violência física, de não ser desrespeitado e não vivenciar nenhum tipo de preconceito”, aponta o diretor da Câmara LGBT.

Uma pesquisa feita em maio com 2 mil pessoas pela Orbitz, mecanismo norte-americano de buscas de viagens, corrobora com essas preocupações: 58% dos viajantes LGBTQIA+ entrevistados passam mais tempo pesquisando destinos de viagem e acomodações do que os viajantes cisgêneros ou heterossexuais. E mais: seis em cada 10 disseram que cancelaram uma viagem ou mudaram seus planos por se sentirem inseguros em razão de sua identidade de gênero ou orientação sexual.

Questão mercadológica

Otavio explica que o recorte é feito por uma questão mercadológica para entender melhor o público, respeitando as especificidades daquela população e se comunicando melhor com o consumidor. “Quando criamos esse nicho não estamos segregando, mas apenas dando o nome certo a essa população que consome o turismo e indicando com quem estamos nos comunicando naquele momento, para sabermos como se comportar e se comunicar com ele”, ressalta.

Assim, os produtos e destinos que acolhem bem a comunidade têm mais chances de serem fidelizados por este e outros públicos. Uma pesquisa da revista britânica Attitude feita com 3.430 pessoas LGBTQIA+ em fevereiro de 2021 revelou que 73% dos entrevistados não dão uma segunda chance depois de uma experiência negativa na viagem. Cerca de ¼ dos entrevistados, ou 27%, relataram que sofreram preconceito enquanto viajavam e, destes, cerca de 60% sofreram LGBTfobia mais de uma vez durante o passeio.

Ainda como parte da pesquisa, 82% disseram que consultam a legislação local antes de decidirem o destino. Não é de se espantar com a porcentagem, uma vez que 70 países do mundo consideram ilegal, em termos legislativos, atos sexuais consensuais entre adultos do mesmo sexo feitos de maneira privada, de acordo com Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais (ILGA). O levantamento, atualizado em dezembro de 2020, aponta que a África tem maior número de países que consideram a prática ilegal: são 32 ao todo.

Agências de turismo

Como parte da cadeia de negócios relacionadas ao turismo, as agências também ocupam um papel importante. Segundo Magda Nassar, presidente da ABAV – Associação Brasileira de Agências de Viagens, o público LGBTQIA+ hoje é amplo e apresenta uma variedade de budgets. “As atualizações são contínuas e voltadas a certos cuidados, sobre aceitação e países específicos, em que que o agente de viagens sempre poderá orientar o cliente melhor”, declara.

Tendo a segurança, qualidade e inclusão como pilares, a Viaje entre Iguais surgiu em 2015 como uma marca da agência MHTour focada para atender este público. Depois de frequentar congressos internacionais voltados ao turismo do nicho, Marcelo Michieletto, fundador e CEO da marca, notou que não havia no Brasil uma agência que entendesse este público como um todo.

“Havia algumas que só vendiam produtos bem específicos, como festivais, paradas, baladas e cruzeiros gays. A Viaje entre Iguais foi idealizada para atender o público LGBTQIA+ como um todo e não apenas parte. Queríamos quebrar o paradigma que gay só quer balada e sexo”, diz.

Os produtos no site são criados com a demanda e atendem um leque variado de pacotes e destinos com auxílio de uma curadoria de fornecedores, como passeios de aventura, românticos, gastronômicos, eventos, festivais e luas de mel homoafetivas.

Criada há três anos em Taubaté, a pequena agência Arcot também é especializada no público LGBTQIA+ e foi fundada com o intuito de ajudar a comunidade com conteúdo sobre o setor e oferecer um atendimento personalizado focado na inclusão. Comandada por Gustavo Galvão de maneira online e remota, ele atende amigos e conhecidos que procuram destinos e roteiros para este nicho.

“Grande parte do público LGBTQIA+ nota muito a qualidade do serviço de hotelaria. Uma parte se preocupa muito com o destino e em saber se a comunidade é bem recebida ou não, a outra parte pensa mais em diversão e festas específicas para o público”, revela Gustavo.

Mudanças na pandemia

Com a parada repentina das viagens no início da pandemia, as empresas que não puderam trabalhar naquele momento prepararam-se para uma possível retomada. Segundo Otavio Furtado, elas viram que as pesquisas apontavam que a comunidade LGBTQIA+ estava muito disposta a voltar a viajar o mais breve possível.

Uma pesquisa da Associação Internacional de Turismo LGBTQ+ (IGLTA) feita com cerca de 6.300 viajantes LGBTQ+ do mundo entre março e abril apontou que a vontade de viajar novamente é muito forte entre esse público. Os números mostraram que 73% dos entrevistados planejam fazer uma grande viagem antes do fim de 2021. O Brasil também teve grande participação na pesquisa, em que 60% dos viajantes LGBTQ+ brasileiros afirmaram que planejam suas férias antes do fim do ano.

“Muitas empresas começaram a fazer um trabalho de base para entender como é esse turismo e como trabalhar com ele. Notamos isso dentro da própria entidade: muitas empresas começaram a procurar a câmara para entender melhor o nicho de mercado”, aponta Furtado.

Marcelo Micheletto, da Viaje Entre Iguais, destaca que antes da pandemia a procura do público LGBTQ+ era alta para destinos que unissem festivais com cultura local, como o Circuti Barcelona e outros destinos na Espanha. “Com a pandemia a procura é no nacional. Os viajantes menos experientes procuram lugares que se sintam seguros e que recebam bem o público LGBTQ+”, afirma.

Bandeira como símbolo em pontos turísticos

Feita de seis cores (vermelho, laranja, amarelo, verde, anil e violeta), a bandeira LGBTQIA+ foi criada pelo designer Gilbert Baker na década de 1970 a pedido do político e ativista Harvey Milk. A nível cultural: para conhecer melhor a história do político, assista o longa metragem Milk – A Voz da Igualdade, dirigido por Gus Van Sant e estrelado por Sean Penn.

Conhecida como a “bandeira arco-íris”, ela foi vista pela primeira vez nas ruas em São Francisco em 1978, quando ainda era representada por oito cores. A partir daí, ganhou o mundo e hoje é símbolo de resistência e reconhecimento da comunidade.

O símbolo fica mais em evidência durante todo o mês de junho, quando é hasteada ou anexada em diversos pontos turísticos pelo mundo. É o caso da orla do Rio de Janeiro, que ganhou neste mês as cores da bandeira do Leme ao Pontal, uma espécie de galeria a céu aberto nos postos de salva-vidas com palavras importantes para a comunidade, como liberdade, respeito, afeto e orgulho. Entre 25 e 28 de junho, a RioTur, autoridade de turismo na Cidade Maravilhosa, anunciou que os Arcos da Lapa e a Cidade das Artes ganharão luzes nas cores da bandeira.

Em São Paulo, a 24ª Parada do Orgulho LGBT, sem presença de desfiles e público por conta da pandemia, foi marcada por projeções de luzes que emitiram as cores da bandeira. Chamada de Global Rainbow, a projeção alcançou 60 km e foi feita de um prédio do bairro do Paraíso. O Sambódromo do Anhembi também homenageou o Mês do Orgulho ao esticar uma bandeira de 50 metros de comprimento por 11 metros de largura em plena passarela do samba – a visitação é gratuita e será feita até o dia 28.

Na Europa, clubes de futebol alemães reagiram ao veto da Liga dos Campeões da UEFA, que baniu a Allianz Arena de ser iluminada com as cores do arco-íris durante a partida entre Alemanha e Hungria na quarta-feira (23/06). Em reação, clubes alemães, como Wolfsburg e Colônia, disseram que iriam exibir as cores da bandeira LGBTQ+ em seus estádios. O perfil oficial do estádio Olímpico de Berlim também se manifestou e disse que se posicionaria contra a atitude.

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