*Lucas dos Santos – Especial para Dia a Dia Notícia
“Meu amigo, Onça Velha, chegou a hora de cantar. A saudade que tá grande, só queremos te exaltar”. Assim começa a música “Meu amigo, Onça Velha”, composta pelos sambistas Sorongo, Fred do Cavaco e Zanata, para homenagear Paulo Juvêncio de Melo Israel, mais conhecido como Paulo Onça. O histórico sambista e compositor manauara faleceu aos 62 anos, em maio, meses após ser vítima de uma agressão em um acidente de trânsito na Praça 14.
Para o DIA A DIA NOTÍCIA, Fred do Cavaco explicou que a ideia original do samba era para comemorar o retorno de Paulo Onça, quando ele saísse do hospital e retornasse às rodas de samba. Com sua morte, a música foi modificada para homenagear seu legado.
“Dia 27 de abril, num domingo, nós demos início a essa obra, a música ‘Meu amigo, Paulo Onça’. Música do Eulerson Sorongo, meu parceiro de composição na Portela, e o Zanata, que é um dos líderes do grupo Gente Junta, do bairro São Francisco. Ele convidou a gente para um almoço, e eu levei o Eulerson Sorongo lá e de lá saiu a ideia de a gente fazer essa homenagem ao Paulo Onça. Só que a ideia é para abraçar ele, a gente tinha certeza que ele ia voltar para as rodas de samba junto conosco”, explicou.
Agora transformado em um samba de exaltação, a música também teve o título mudado para ‘Meu amigo, Onça Velha’, como Paulo Juvêncio era chamado pelos amigos mais próximos do mundo do samba. A faixa inédita foi publicada no YouTube de Fred do Cavaco nesse sábado (14).
“Eu tive a honra de fazer a produção geral, participar da composição e ter como músicos que participaram o Igor Fernandes no violão e no teclado o maestro Reinaldo. Gostaria de colocar um agradecimento a todos os artistas e também ao estúdio 301, do meu amigo Zé Maria, que fica no São Jorge”, disse.
O clipe conta com a participação de figuras conhecidas do mundo do samba em Manaus: Mestre Saúba, que comanda a bateria da escola de samba Vitória Régia; o próprio Fred do Cavaco; o cantor Deuzimar, ex-vocalista das bandas Paixão e Loka Tentação; o compositor mineiro Eulerson Sorongo, o advogado Elci Simões Júnior, o Carlos Endryl, do grupo Pagode dos Amigos e intérprete campeão pela Reino Unido da Liberdade.
Também participam da homenagem a cantora Milerne Bahia, o Mariozinho do Pagode dos Amigos, o Mestre Arnoldo, fundador do grupo Coisa Nossa; o Edu do Banjo, um dos pioneiros na conexão entre o samba manauara e carioca; Galo da Reino, Ângelo Márcio, Victor Rios, Paulo César Colares, o Paulinho Carioca; a cantora Cláudia Trindade, da Elas Cantam Samba; o cantor e compositor Papaco e o médico Assis Almeida, ex-intérprete da Mocidade Independente de Aparecida.
Confira a música:
Homenagens de Norte a Sul
Após sua morte, Paulo Onça recebeu homenagens não só de amigos, mas de figuras históricas do samba brasileiro com quem trabalhou ao longo da vida, como o cantor Zeca Pagodinho e a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio. O artista foi responsável por mais de 130 composições que ficaram eternizadas nas vozes de Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Leci Brandão e o grupo Exaltasamba.
Paulo Onça foi autor e coautor de sambas-enredo que marcaram a história do Carnaval, como “Nem Verde, Nem Rosa” da Vitória Régia em 1990, “Parintins e a Ilha do Boi-Bumbá – Caprichoso e Garantido” da Acadêmicos do Salgueiro em 1998 e “Ivete do Rio ao Rio” pela Grande Rio em 2017.
O sambista faleceu em 26 de maio deste ano após cinco meses internado no Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, na zona Leste de Manaus. Paulo Onça foi vítima de uma agressão no bairro Praça 14 de Janeiro após colidir com o carro de outro motorista, que o atacou em um acesso de raiva. O motorista, identificado como Adeilson Duque Fonseca, agora responde por homicídio.
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