As águas doces da Foz do Rio Amazonas, no Amapá, voltaram a sofrer o fenômeno de “salinização” neste semestre. O Oceano Atlântico avança sobre o rio e isso dificulta o dia a dia de ribeirinhos, que relatam que a água fica imprópria para o consumo e até para realizar atividades básicas como lavar roupas e louças.
O problema afeta principalmente quem mora no conjunto de ilhas na região do Arquipélago do Bailique, distrito a 12 horas de barco de Macapá.
Um estudo do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) busca entender se a aceleração do fenômeno, que é natural, ocorre em função do desmatamento ambiental e do assoreamento do Rio Araguari, que desagua no Amazonas.
De acordo com moradores da comunidade, há quatro anos eles vêm percebendo a mudança nas águas que banham as ilhas. O fenômeno acontece durante o verão amazônico (ao longo do 2º semestre), e se intensificam a partir do mês de setembro.
Sede e fome
Neste ano, desde a segunda quinzena de setembro, o rio já apresenta salinização e, com essa mudança, e as famílias da região, especialmente as mais carentes, sentem os danos do avanço da água do mar. Eles relatam sede e fome por não terem acesso a água potável e não conseguirem tratar o líquido do rio.
Há ainda aqueles que sobrevivem da venda de pescado, que tem ficado escasso com o avanço cada vez mais severo da água salgada.