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Infectologista do AM não recomenda suspensão do consumo de peixe por causa de investigação de rabdomiólise

FOTO: Herick Pereira/Secom

O infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Antonio Magela, afirmou, nesta segunda-feira (30), não haver indicação para a suspensão do consumo de peixes no Estado do Amazonas, por causa dos casos de rabdomiólise em investigação.

A Fundação de Vigilância em Saúde Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) notificou 33 casos da doença, que estão em investigação, possivelmente relacionados à ingestão de peixes.

“O Importante é entender que se formos comparar o nível de consumo de peixe com o número de casos, a gente vê que é uma relação mínima, porém, não menos preocupante. Qualquer situação que coloque em risco a saúde das pessoas deve ser avaliada com cuidado, as pessoas devem ser tratadas da maneira mais adequada possível e temos que ter preocupação também com o aspecto econômico e nutricional”, disse o infectologista.

Nesse mesmo sentido, a coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS/FVS-RCP), Liane Souza, afirma que não há indicação para suspender o consumo. “Nós não podemos proibir que as pessoas consumam peixes. Uma vez que o peixe é o alimento principal do amazonense”, disse a coordenadora.

Causa

A rabdomiólise pode ser desencadeada por múltiplas causas. Pode ser por um medicamento, por um metal pesado, uma atividade física extenuante, após convulsões ou pela ingesta de toxinas.

“Essa situação específica há uma rabdomiólise com uma história de ingestão prévia de peixes. Ainda trabalhamos no campo das hipóteses. Pode ser uma bactéria, um vírus, ou até mesmo uma toxina. As pessoas têm um quadro clínico sugestivo de intoxicação, após a ingesta alimentar, e é de evolução rápida; e, até hoje, em todas as situações que isto ocorreu, com todas as análises de amostras, de tecidos, não conseguiu ainda dar uma confirmação da causa real desses casos de rabdomiólise, que são associados à prévia ingesta de peixes”, destaca o infectologista. Magela lembra que este é o terceiro surto da condição no Amazonas.

Sintomas e tratamento

O médico afirma que uma característica comum das pessoas com a condição é que desenvolveram um quadro que iniciou com dores de cabeça e musculares. “São dores nos grupos musculares que nós temos controle sobre eles, que nós chamamos de musculatura esquelética. A isso se associa fraqueza e dificuldade nos movimentos. Nós sabemos que nesta situação, havendo a ingesta prévia de peixe, a equipe de saúde já está ciente que está ocorrendo isso, e lança mão de alguns exames de laboratório, que podem confirmar ou descartar essa possibilidade. No caso de confirmação, se encaminha a pessoa para o tratamento adequado”, explica o infectologista.

O tratamento depende da gravidade do caso, pode ser feito em internação hospitalar ou no domicílio do paciente. Qualquer unidade hospitalar do estado pode tratar pacientes com essa condição.

Agravamento 

Apesar de poucos casos agravarem, Antonio Magela destaca que há essa possibilidade. “O grande risco é que estamos falando de uma condição que é ocasionada por destruição muscular. Tanto a destruição de musculatura de caixa torácica, abdominal, membros, mas nós podemos falar também em musculatura cardíaca, além da toxicidade para o rim, fazendo com que o paciente possa evoluir para insuficiência renal”, disse. Porém, o médico diz que são situações de complicações que têm a maior probabilidade de não ocorrer.

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