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Fazendeiros jogam agrotóxicos para acelerar desmatamento na Amazônia

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Um levantamento inédito constatou que cerca de 30 mil hectares de vegetação nativa da floresta amazônica foram deliberadamente envenenados por fazendeiros nos últimos dez anos. De acordo com informações apuradas por agências de notícias, fazendeiros de soja e gado utilizaram agrotóxicos despejados por aviões para acelerar o desmatamento em grandes áreas do bioma amazônico.

Entre 2010 e 2020, o Ibama aplicou R$ 72 milhões em multas relacionadas a casos de desmatamento com pulverização aérea de agrotóxicos, mas o número tende a ser muito maior do que os dados disponíveis, principalmente após o desmonte da fiscalização ambiental durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Um dos agrotóxicos encontrados pelos fiscais, denominado 2,4-D, foi encontrado por fiscais em uma fazenda em Paranatinga, no estado do Mato Grosso. O composto químico é mais conhecido por ter sido utilizado na composição do agente laranja, um herbicida utilizado pelos Estados Unidos nas florestas do Vietnã, usadas como esconderijo pelo exército comunista durante a guerra ocorrida nos anos 1960 e 1970.

Os norte-americanos não se preocuparam se estariam atingindo a população quando despejaram o agrotóxico. Além da destruir a mata nativa do local, muitas crianças do país nasceram com deficiências, paralisia cerebral e desfiguração facial extrema, mesmo após 50 anos do fim do conflito. A suspeita é de que a mesma situação esteja ocorrendo no Brasil durante a pulverização dos agentes agrícolas na Amazônia.

Mato Grosso e Amazonas lideram

De acordo com a base de dados do Ibama, o estado Mato Grosso lidera em área desmatada com 27 mil hectares de floresta destruída. O estado do Amazonas vem logo depois, com 3 mil hectares, equivalente a três mil campos de futebol. Os dois estados somam quase o total de multas aplicadas pela vigilância ambiental em uma década.

Em 2019, a vigilância via satélite detectou o desmatamento de 2 mil hectares da floresta amazônica na cidade de Juína (MT), a 745 km de Cuiabá. Durante a fiscalização, foram encontrados os agrotóxicos clorpirifós e tebuconazol, que preservam a madeira para que seja vendida ilegalmente. O clorpirifós foi banido pelos Estados Unidos por estar associado a problemas de desenvolvimento neurológico.

Recorde no uso de agrotóxicos

Um estudo feito pela pesquisadora Larissa Bombard, da Universidade de São Paulo (USP), mostrou o avanço de propriedades agrícolas que usam agrotóxicos na região da Amazônia Legal, estando relacionadas com o avanço do desmatamento.

O estudo também mostra que há um vácuo na fiscalização de agrotóxicos nas regiões de maior produção agrícola do Brasil como os estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

“A expectativa é que o uso de agrotóxicos para desmatamento vai se intensificar no próximo período, porque está mais fácil, mais acessível e mais consolidado”, afirma Naiara Bittencourt, advogada do Terra de Direitos.

*Com informações de Repórter Brasil e Agência Pública

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