Manaus, sábado 6 de dezembro de 2025
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Cresce o número de pessoas em situação de rua e Manaus enfrenta desafios na assistência social municipal, aponta estudo

*Da Redação do Dia a Dia Notícia 

Manaus vive um cenário alarmante de abandono social, marcado pelo aumento visível do número de pessoas em situação de rua e pela falta de ações estruturantes da Prefeitura. Apesar do crescimento expressivo desse público em todo o país, a capital amazonense tem se destacado negativamente pela ausência de políticas públicas efetivas, pela fragilidade das ações emergenciais e pela falta de transparência nos dados municipais, de acordo com o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O Brasil contabilizava 358.553 pessoas em situação de rua em outubro de 2025 — o maior número já registrado. Embora a região Sudeste concentre a maioria dos casos, com destaque para São Paulo (148.730 pessoas), o estudo revela que estados do Norte, como o Amazonas e Roraima, vêm apresentando crescimento acelerado, chamando atenção de pesquisadores e autoridades. O levantamento, baseado em dados do Cadastro Único (CadÚnico), aponta que Roraima já ultrapassou o Amazonas no número de pessoas vivendo nas ruas, mesmo com população muito menor.

Em Manaus, a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) estimou que o número de pessoas em situação de rua saltou de 354 em 2018 para 1.672 em fevereiro de 2024, o que representa um crescimento de 372%. Ainda segundo a pasta, foram realizados mais de 1,5 mil atendimentos em 2025, sendo cerca de 500 pessoas acolhidas pela rede municipal. Apesar dos esforços pontuais, especialistas apontam que as medidas permanecem insuficientes diante da demanda crescente e da ausência de políticas públicas estruturantes e permanentes.

O orçamento municipal de Manaus para 2025 totaliza R$ 10,5 bilhões, dos quais cerca de R$ 2,8 bilhões são destinados à Educação. Entretanto, não há transparência quanto ao montante efetivamente investido em políticas voltadas à população em situação de rua.

O Observatório da UFMG destacou que o aumento da população de rua reflete a desigualdade social, o desemprego e o déficit habitacional, problemas que se intensificaram após a pandemia.

“O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população, majoritariamente negra e historicamente vulnerabilizada”, afirma nota do OBPopRua.

Os pesquisadores também criticaram a falta de transparência nos dados oficiais sobre o tema, que deveriam ser públicos, acessíveis e atualizados regularmente para permitir o acompanhamento e a cobrança de ações por parte da sociedade.

Enquanto cidades como São Paulo e Rio de Janeiro registram números absolutos muito superiores, o caso de Manaus preocupa pela ausência de dados consolidados e pela expansão visível das áreas de concentração, especialmente nas zonas Centro-Sul e Oeste, onde é comum encontrar famílias inteiras vivendo sob marquises e viadutos.

O relatório do OBPopRua reforça a necessidade de planos estruturantes de moradia, saúde e emprego, voltados para pessoas em situação de rua — um desafio que, em Manaus, ainda está longe de ser superado, mesmo diante de um orçamento bilionário e da urgência humanitária crescente nas ruas da capital.

*Com informações da Agência Brasil

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