*Da Redação do Dia a Dia Notícia
O Brasil registrou, em 2024, os menores índices de pobreza e extrema pobreza em mais de uma década. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a extrema pobreza caiu para 3,5%, enquanto a pobreza recuou para 23,1%, retirando milhões de brasileiros dessa condição desde o auge da crise pós-pandemia. Mas, embora o quadro nacional sinalize melhora, a região Norte segue enfrentando desigualdades profundas, e permanece muito acima da média brasileira nos dois indicadores.
Norte e Nordeste seguem como as áreas mais vulneráveis
A proporção de pessoas vivendo na pobreza na região Norte chegou a 35,9%, bem acima da taxa nacional (23,1%) e distante dos índices registrados nas regiões Sul e Centro-Oeste, que ficaram em 11,2% e 15,4%, respectivamente. Na extrema pobreza, o Norte apresenta 4,6%, também acima da média do país e atrás apenas do Nordeste, que chegou a 6,5%.
Os dados confirmam que, apesar dos avanços no mercado de trabalho e no aumento do rendimento nacional, o Norte continua enfrentando desigualdades estruturais que dificultam a redução acelerada da pobreza — entre elas, baixa diversificação econômica, dificuldade de acesso a serviços, distâncias territoriais e informalidade elevada.
Renda cresce, especialmente entre os mais pobres
O estudo do IBGE aponta que o rendimento domiciliar per capita atingiu R$ 2.017, o maior valor da série histórica. O crescimento foi ainda mais expressivo entre os 10% mais pobres, que tiveram alta acima de 13%, contribuindo para puxar o indicador nacional para cima.
Na região Norte, onde trabalhadores enfrentam informalidade maior e menor oferta de empregos formais, esse avanço aparece, mas de forma mais lenta. Mesmo assim, a melhora da renda e do emprego impactou diretamente a queda da extrema pobreza no território.
Desigualdade diminui, mas diferenças regionais permanecem
O índice de desigualdade caiu para 0,504, o menor já registrado pelo IBGE. A redução é considerada um marco, mas ainda não o suficiente para equalizar realidades tão distintas.
Enquanto algumas regiões avançam com maior velocidade, Norte e Nordeste seguem com as maiores concentrações de renda baixa do país — o que evidencia a necessidade de políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento econômico territorial, geração de empregos qualificados e ampliação da proteção social.
Linha do tempo da pobreza no Brasil
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2012: 68,4 milhões
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2019: 67,5 milhões
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2020: 64,7 milhões
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2021: 77 milhões
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2022: 66,4 milhões
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2023: 57,6 milhões
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2024: 48,9 milhões
A tendência de queda desde 2021 mostra uma recuperação consistente, apoiada pela melhora do mercado de trabalho e pelo aumento da renda domiciliar.
Norte precisa de políticas específicas
Apesar dos ganhos gerais, especialistas destacam que o Norte precisa de políticas calibradas à sua realidade: logística mais eficiente, incentivo a cadeias produtivas da sociobiodiversidade, educação básica robusta, conectividade digital e maior presença do Estado em regiões remotas.
A queda da pobreza no Brasil é uma boa notícia — mas o recorte regional deixa claro que o país só avançará plenamente quando regiões como o Norte conseguirem reduzir suas desigualdades históricas.
