*Da Redação do Dia a Dia Notícia
A Câmara Municipal de Manaus (CMM) ignorou, na manhã desta quarta-feira (6), a presença dos familiares da biomédica Giovana Ribeiro da Silva, 29, que estava grávida de oito meses e morreu após a motocicleta em que estava cair em um buraco. O marido da vítima esperava para ser ouvido, quando uma manobra dos vereadores da base aliada do prefeito David Almeida (Avante) encerrou a sessão com o intuito de evitar um debate sobre o asfaltamento das ruas de Manaus.
Após encerrarem a sessão, o marido da biomédica, João Vitor, se manifestou no plenário da CMM, já esvaziado, para clamar por justiça após a morte de sua filha e da sua esposa, Giovana, no acidente de trânsito. Junto com ele, também estavam a irmã de Giovana, Gisela Junqueira, o avô, Marcos, e a avó, Gorete. A presença dos familiares foi motivada para reforçar o pedido por uma solução para a infraestrutura da cidade justamente em um momento onde os vereadores da oposição estão reunindo assinaturas para a instalação de duas CPIs sobre o ‘Asfalta Manaus’ na CMM e na Aleam.
De acordo com o vereador Coronel Rosses, a sessão foi suspensa antes do tempo previsto pelo regimento interno do parlamento, após uma enrolação com requerimentos que não tinham importância, enquanto havia temas mais urgentes para tratar. Segundo ele, a família da Giovana, a mulher grávida que morreu vítima de um buraco no asfalto na Avenida Djalma Batista, estava na CMM para pedir atenção dos vereadores e justiça pela morte da mulher e do bebê.
“O líder do prefeito, o vereador Eduardo Alfaia, tomou essa iniciativa e a gente sabe como eles manobram isso aí. Isso que nós estamos vendo aqui todos os dias são pessoas morrendo por conta desse asfalto mal acabado, dessa buraqueira, dessas crateras na cidade de Manaus. Essa família queria dois minutos de espaço para expor sua dor. O que a gente tá fazendo aqui é justiça, é um ato humano de justiça com essa família que foi totalmente destruída pelo descaso do prefeito, do vice-prefeito, de todos aqueles que contribuem para que Manaus seja um canteiro de buracos que todo dia tá matando pessoas. O que gente viu hoje é vergonhoso, eles desligarem as luzes antes do horário do término do expediente mandar a gente embora fazendo uma votação medíocre que a gente sabe que não teria quórum suficiente e ir embora virando as costas pra essa família”, disse o vereador.
No vídeo, João Vitor, visivelmente abalado e segurando papéis, desabafou sobre a negligência da prefeitura em relação à infraestrutura viária. “Por conta de se asfalto mal-acabado, dessa buraqueira, dessas crateras que tem na cidade de Manaus”, lamentou, afirmando que as condições das ruas ceifaram a vida de sua filha e da mãe dela.
Ele descreveu a dor de ter que enterrar a filha em um caixão ao lado do da mãe, uma experiência que, segundo ele, ninguém na Câmara poderia sequer imaginar. Ele acusou a administração municipal de nunca ter procurado a família para oferecer o mínimo de apoio, consolo ou atendimento após o acidente.
A indignação de João Vitor se intensificou ao relatar a forma como a família foi tratada pelos vereadores da base do prefeito David Almeida. Ele afirmou que, ao final do expediente, os parlamentares teriam tentado se evadir, “virando as costas para essa família que veio aqui só pedir voz”. A atitude foi descrita pelo pai como um “ato desumano”, que aumentou ainda mais sua dor.
O depoimento emocionado foi acompanhado pelos vereadores Coronel Rosses, Rodrigo Guedes, Thaysa Lippy, Capitão Carpê, Raiff Matos e Paulo Tyrone.
Laudo técnico
O laudo técnico elaborado pelo Instituto de Criminalística do Amazonas, confeccionado no dia 9 de julho, e assinado pelo perito criminal Adison de Jesus dos Santos apontou que o buraco na via foi a causa do acidente que matou a biomédica Giovana Ribeiro da Silva, 29, que estava grávida de oito meses. O acidente aconteceu no dia 22 de junho na Avenida Djalma Batista, zona centro-sul de Manaus.
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