A agora ex-primeira-ministra da Alemanha Angela Merkel, da União Democrata-Cristã (CDU), se despediu do cargo de líder do país após 16 anos de governo. Eleita como chanceler desde 2005, Merkel se aposenta e passa o cargo para o novo primeiro-ministro eleito, o social-democrata Olaf Scholz, que foi seu ministro de Finanças desde 2011 e vice-chanceler entre 2018 e 2021.
Apesar de ser do Partido Social Democrata (SPD), Scholz era considerado o sucessor natural de Merkel. O político foi eleito em uma coalizão com os Verdes (Grünen) e o Partido Democrático Liberal (FDP) e oficializado pelo Bundestag, o parlamento alemão, com 395 votos nesta quarta-feira (08).
O presidente da República alemã, Frank-Walter Steinmeier, irá entregar o documento que oficializa sua nomeação. O sistema político do país, que é uma república parlamentarista, determina que para um governo ter estabilidade, precisa contar com apoio de mais da metade do parlamento, que possui 736 deputados. Raramente um partido consegue essa maioria, sendo necessário formar uma coalizão com outras legendas para governar.
Nos últimos anos, os gabinetes de Angela Merkel foram resultado de várias alianças conciliatórias. Em seu primeiro governo, Merkel foi eleita pela CDU em coligação com a União Social-Cristã na Baviera (CSU) e apoio dos sociais-democratas do SPD. Já em seu segundo gabinete (2009), o governo foi formado pela aliança entre CDU/CSU e os liberais do FDP. No terceiro governo (2013), a coligação CSU/CDU de Merkel voltou a se aliar ao SPD, mantendo essa coalizão até o seu último gabinete entre 2017 e 2021.
Promessa cumprida e enormes desafios
A eleição de Scholz marca a volta da centro-esquerda ao poder desde que Merkel assumiu. Em seu primeiro ato, o novo primeiro-ministro cumpriu uma de suas promessas de campanha e distribuiu igualmente seus ministérios entre homens e mulheres, com 8 pastas para cada. O percentual de mulheres em chefias de ministérios passa a ser 50%, o maior da história da Alemanha. Na coalizão, os Verdes ficaram com os cargos de vice-chanceler, que será exercido pelo presidente do partido Robert Habeck, e um superministério de Economia e Clima. Já os liberais conquistaram o ministério das Finanças, que será comandando por Christian Lindner, presidente do FDP.
Olaf Scholz encara um grande desafio com a quarta onda da pandemia de Covid-19 pressionando o sistema de saúde alemão. O novo ministro da Saúde, o socia-democrata Karl Lauterbach, é defensor ferrenho da vacinação e dos lockdowns para conter a contaminação, além da obrigatoriedade de imunização e restrições para não-vacinados, posição defendida por Scholz. Na diplomacia, o primeiro-ministro terá de lidar com as ações da Rússia na Ucrânia. O país liderado por Vladmir Putin está em vias de ocupar a região ucraniana da Crimeia, disputada entre os dois países.