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Aluno da Ufam ganha 1º lugar em competição com tecnologia inovadora para pessoas do espectro autista

O discente de Engenharia de Software da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Henrique Gomes de Souza, no último sábado, 5, ganhou o 1º lugar no Hackathon Autismo Tech. O aluno faz parte de uma equipe formada por seis participantes, de várias partes do país, que desenvolveu o aparelho chamado Austic capaz de reduzir os efeitos da hipersensibilidade auditiva em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Trata-se de um fone de cancelamento ativo de ruídos por condução óssea, a primeira tecnologia desse tipo no Brasil.

A ideia surgiu a partir das vivências de uma participante da equipe, Rubia Carolina Nobre Morais, que relatou que havia abandonado a profissão de dentista devido a sua sensibilidade auditiva, responsável por ocasionar inúmeras crises, devido aos sons e ruídos presentes no cotidiano de consultório. De acordo com o discente da Ufam, Henrique Gomes de Souza, após estudos e pesquisas mais aprofundados sobre a realidade do espectro, percebeu-se que, tal como a Carolina, diversos autistas também sofrem com sensibilidade auditiva.

“Foi assim nasceu o Austic. Um fone de cancelamento ativo de ruído por condução óssea que possui um microfone que capta os ruídos do ambiente e transfere para a aplicação e o processamento deles. A partir daí, o software cria ondas exatamente iguais e as emite praticamente ao mesmo tempo, só que em uma fase oposta, causando o cancelamento dos ruídos indesejados”, enfatizou o membro da equipe.

Ele lembrou também que com o uso da condução óssea, a transmissão ocorre constantemente à medida que as ondas sonoras vibram nos ossos, especificamente, do crânio. “Isso permite ao ouvinte perceber o conteúdo de áudio sem bloquear o canal auditivo e sem retirar a atenção dele a sua volta. Nosso aplicativo aceita um ajuste manual de frequência e volume, além de realizar um background dos dados de volume e geolocalização, permitindo um funcionamento automático em situações e locais frequentes. Desse modo, buscamos fomentar a qualidade de vida para indivíduos com TEA que sofrem com sensibilidade auditiva, possibilitando mais independência nas atividades diárias e profissionais, sem a preocupação com crises e gatilhos corriqueiros”, explicou.

Trajetória

Dentre mais 600 inscritos, os jovens Henrique Gomes de Souza, Júlia Demuner Pimentel, Thainá Monteiro Ferreira, João Eliandro Germano Gomes e Alexandro de Campos Teixeira Netto se conheceram on-line e decidiram se unir para formar um time. Em seguida, a equipe ganhou o reforço de Rubia Carolina Nobre Morais, uma autista que também estava entre os selecionados do evento.

Rubia Carolina Nobre Morais, ao falar do real impacto dos fones, lembra da possibilidade da tecnologia impactar diretamente o cotidiano de quem tem hipersensibilidade auditiva.  “A hipersensibilidade auditiva me privou o direito de viver, de trabalhar, de ser feliz.  Ter a oportunidade de minimizar as crises sensoriais realmente pode transformar minha vida”, disse.

Hackathon Autismo Tech 

Elaborado e promovido pela Fiap, em parceria com a startup Infinity Evo, a segunda edição do Hackathon Autismo Tech é uma competição de codificação e desenvolvimento que busca encontrar soluções tecnológicas para promover a inclusão de profissionais no espectro autista. Para a diretora do Instituto de Computação da Ufam (IComp/Ufam), professora Tanara Lauschner, o Instituto incentiva os discentes a participar de competições como essa pela qualidade do ensino oferecido pela Ufam.

“O IComp incentiva a participação de seus alunos e alunas em competições de programação nos mais diversos níveis pois acredita que a formação recebida em computação na Ufam é de excelência e não deixa a dever a nenhuma outra instituição nacional. Estamos muito felizes pelo resultado obtido por nosso aluno, ainda mais por se tratar de uma solução inclusiva,  e esperamos que sirva de exemplo e inspiração para os demais discentes do IComp”, destacou a diretora.

O discente Henrique Gomes de Souza finalizou contando que participar de hackathons possibilita conhecer pessoas de todos os estados do Brasil. “Acredito que eventos semelhantes a esse pode mudar a vida de muitas pessoas. Participo para poder fortalecer e popularizar esse movimento aqui no Amazonas e quem sabe levar cada vez mais o nome do nosso estado para mundo”, concluiu.

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