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Agentes Comunitários de Saúde recebem capacitação sobre assistência integral para crianças ribeirinhas do Amazonas

A primeira infância, fase da vida de 0 a 6 anos, é de extrema importância para a formação das estruturas física e psíquica de todo ser humano. Mais de 70% do cérebro de um adulto sem transtornos de desenvolvimento é desenvolvido nessa época e aspectos como cognição e sociabilidade são todos estruturados nesse estágio.

Se esse zelo é essencial a crianças que vivem num contexto urbano, para aquelas moradoras de comunidades ribeirinhas do Amazonas, é ainda mais urgente. Pensando nisso, a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) vem promovendo desde 2012 o programa Primeira Infância Ribeirinha (PIR), com objetivo de levar assistência integral a crianças ribeirinhas na faixa etária de 0 a 6 anos de idade residentes de comunidades situadas em Unidades de Conservação (UC), que são coordenadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

A iniciativa alcança mais de 11.295 mil crianças de 14.908 famílias, segundo dados de 2019, nos perímetros dos municípios de Coari, Itapiranga, Maraã, Novo Aripuanã, Tefé e Uarini. No programa, Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são capacitados para fazer um acompanhamento integral de gestantes e crianças de 0 a 6 anos, tendo como apoio uma metodologia própria inspirada em políticas do Ministério da Saúde, chamada ‘ Guia de Visitação Domiciliar’. Até hoje, 308 agentes já foram formados na metodologia de primeira infância ribeirinha.

“O nosso principal objetivo é a prevenção. Para isso, os agentes recebem dois ciclos de formação baseado no Guia de Visitação domiciliar, o qual possui uma linguagem prática, acessível e pode ser utilizado em qualquer período gestacional ou de vida da criança. O material é composto por 93 visitas com assuntos desde a suspeita da gravidez até a criança completar 6 anos de idade”, afirma a analista técnica em primeira infância da FAS, Franci Lima.

De acordo com Franci, os principais problemas encontrados em supervisões do PIR, momento no qual possibilita acompanhar a aplicabilidade da metodologia sendo utilizada por ACS junto a famílias com crianças e gestantes nas comunidades ribeirinhas, são a ausência de certidão de nascimento, vacinações atrasadas, distância geográfica e escassez de serviços básicos para as crianças ribeirinhas.

Antes do avanço da pandemia de Covid-19, em fevereiro, a FAS seguindo o cronograma proposto via ações do PIR, para o melhor acompanhamento dos resultados in loco realizou em fevereiro, supervisão nas comunidades ribeirinhas pertencentes ao município de Tefé, localizadas no Lago de Caiambé: Severino, Santa Rosa, Felicidade, Cairara, São Francisco do Miriti, Feliciana, São José do Igarapé Açú e Distrito de Caiambé, juntamente com os ACS das respectivas comunidades.

Na atividade estiveram presentes técnicos das Secretarias de Assistência Social e Saúde, e em uma atividade anterior, a Secretaria de Educação havia participado também. A integração das Secretarias mencionadas deste trabalho em Tefé é decorrente do projeto que está em desenvolvimento em prol do fortalecimento das ações de Primeira Infância.

Neste mês, no município de Tefé, foi realizada mais uma formação do Primeira Infância Ribeirinha, com 78 participantes de diversas categorias da Secretaria de Saúde: ACS, técnico de enfermagem, enfermeiros, odontólogo, nutricionista, psicólogo e outros.

Comprometimento para fazer a diferença

Como forma de mostrar o comprometimento para fazer a diferença por meio da busca de novos conhecimentos, foi realizada em junho deste ano uma formação com diretrizes de Saúde, Educação e Cidadania para 18 agentes. A formação foi inédita pois parte foi presencial, sendo realizada no município de Carauari e parte virtual, tendo as instruções transmitidas pela analista técnica da FAS locada em Manaus. A pandemia causada pelo novo coronavírus alterou a programação da formação, no entanto, não foi empecilho para que os ACSs – seguindo todas as normas de proteção-, se reinventassem e pudessem se debruçar no aprendizado para seguir levando um melhor atendimento às famílias ribeirinhas no interior Amazonas.

Segundo Franci, o mais significativo desta formação foi o comprometimento dos agentes que se organizaram e se empenharam para que a formação pudesse acontecer em meio às adversidades causadas não só pela pandemia, mas também pela falta de acesso à internet com qualidade.

“Todos eles estavam dispostos a aprender. Sempre estão. Mas dessa vez foi diferente porque estávamos em plena pandemia. Eu aqui de Manaus dei a formação e eles lá em Carauari fizeram o esforço de sair de suas comunidades e estarem no horário acordado. Essa disposição mostra muito de quão dispostos em aprender cada vez mais e em fazer, ainda que de forma mínima, a mudança na vida de crianças neste grande estado”, explicou.

Para o ACS Pablo de Souza Ferreira da comunidade Morada Nova, de Carauari, o aprendizado que mais o marcou nessa formação on-line foi o conhecimento sobre os cuidados com gestantes e bebês para que assim, possa melhor orientar as futuras mães.

“Nessa formação aprendi sobre os cuidados que as gestantes devem ter neste período e dos cuidados com o bebê, tão significativo na primeira infância. Acredito que esse conhecimento é muito importante para meu trabalho e desempenho, pois dessa forma vou poder passar esse conhecimento durante as visitas de acompanhamento que realizo”, disse Pablo.

 

Reconhecimento nacional

No segundo semestre de 2019, o Programa Infância Ribeirinha teve o reconhecimento pelo Prêmio Fundação Banco do Brasil (FBB) como  tecnologia social. O projeto foi selecionado como um dos três finalistas na categoria Primeira Infância, concorrendo com outras duas iniciativas desenvolvidas no país com foco na população de 0 a 6 anos, o Programa Municipal de Aleitamento Materno PRÓ-MAMÁ, da Prefeitura Municipal de Osório, no Rio Grande do Sul, e o Visitação Domiciliar na Primeira Infância, da Secretaria da Saúde de Porto Alegre, também no Rio Grande do Sul.

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