Dados divulgados na noite da última segunda-feira (31/05), pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), apontam que o mês de maio teve o pior índice de focos de calor na Amazônia e Cerrado desde 2007. Os satélites mostram que na Amazônia foram 1.186 focos de calor, um aumento de 40,6% em relação ao ano passado. No Cerrado, foram 2.649 focos, uma alta de 78,8% em relação ao mesmo período de 2020.
“Infelizmente esses recordes no mês de maio não podem ser considerados uma surpresa, tendo em vista a continuidade da política antiambiental do governo Bolsonaro, onde pela primeira vez na história, um ministro do Meio Ambiente é investigado por possíveis crimes contra o meio ambiente”, comenta Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Para os próximos meses, o cenário previsto dificilmente será diferente do que aconteceu nos últimos dois anos. Com números altos de queimadas e desmatamento, o cenário pode ser agravado com o fim do inverno amazônico – diminuição ainda mais das chuvas em regiões da Amazônia -, e previsão do fenômeno La Ninã mais forte no segundo semestre, conforme a reportagem do site Eco Debate.
A tendência desse contexto é catastrófica, não somente pela perda da biodiversidade nesses biomas, mas também para as populações que vivem na Amazônia. Nesse período, as populações locais são afetadas pela redução das chuvas e pela alta incidência de doenças respiratórias, que resultam da queda na umidade relativa do ar, das fuligens e fumaças provenientes das queimadas, tudo isso enquanto ainda lutamos contra a pandemia de Covid-19.
“O mês de maio deveria nos levar a uma profunda reflexão sobre o futuro que queremos. Além do recorde de fogo na Amazônia e Cerrado, somente neste mês, o Rio Negro bate recorde de inundação em Manaus, enquanto o centro oeste e sudeste sofrem com déficit de chuvas, que deixam os reservatórios com metade da média histórica de volume d’agua para o período, ameaçando até o fornecimento de energia. Tudo isso está evidenciando, cada vez mais, a crise climática, a violência contra os povos indígenas e suas lideranças numa escalada inadmissível, até mesmo com ataques a tiros e casas queimadas em diferentes territórios. Enquanto isso, em Brasília, o Congresso se apressa para tentar passar a boiada, com PLS como o Projeto de Lei 191/2020 e o Projeto de Lei 490/2007, que irão aumentar ainda mais o desmatamento e a violência contra os povos indígenas”, complementa Rômulo.