CAMINHOS E LUGARES DE LINGUAGENS ARTÍSTICO-CULTURAIS
Por Luiz Carlos Braga da Silva – capítulo 1
O Teatro Amazonas é um dos principais cartões-postais da capital amazonense, o que gera um grande fluxo de visitações em suas dependências. Visitantes de vários locais do mundo se deslocam para conhecer as curiosidades envolvendo uma casa de ópera tão majestosa localizada no coração da floresta amazônica.
O centro histórico de Manaus possui uma grande variedade de atrativos que, ao lado do Teatro Amazonas, buscam chamar a atenção de visitantes para que conheçam cada vez mais as incontáveis histórias que um dia foram protagonizadas nesta cidade. Um fato curioso é que grande parte destes lugares, que trabalham com o turismo, abordam apenas suas fachadas históricas criadas no áureo período da borracha ou acervos que remetam a este momento, o que levou à indagação do motivo de não levar em consideração espaços culturais que buscam abordagens diferentes da cultura local para os aspectos de lazer e entretenimento.
Para ter certeza de que tais espaços não eram contemplados pelo campo do turismo, foi feita uma pesquisa em mapas turísticos de Manaus para conferir o que estes mapas traziam de interessante para os visitantes conhecerem. O resultado foi a já esperada exclusão dos espaços culturais e uma confusa atenção para locais cujas funções não priorizam visitações turísticas como as fábricas do bairro Distrito, a Ufam e até mesmo a histórica ilha de São Vicente, que é comumente ligada com as origens da cidade, mas que atualmente se encontra em território militar e, portanto, proíbe qualquer visitação em seus interiores.
Os espaços culturais já possuem uma infraestrutura própria para visitação, além de acervos variados, oferecendo desde performances teatrais, como também cinema independente e exposições de artes visuais criadas por artistas locais tanto manauaras como do interior do Amazonas. Incluir estes espaços nas práticas turísticas ampliaria os conceitos dos visitantes quanto aos tipos de artes presentes nas dinâmicas de um centro histórico vivo e habitado, além de contribuir para um novo perfil de público para esses espaços que podem contribuir com novas perspectivas de acordo com as subjetivas historicidades de cada um.
Outra questão pensada foi uma proposta de incluir as artes locais em um mapa cultural que apresentasse de forma mais coerente as ofertas locais disponíveis para os visitantes usufruírem e, para isso, foram feitos mapeamentos envolvendo a literatura local (com obras que utilizam Manaus enquanto cenário e por onde os personagens percorrem durante a narrativa), restaurantes, galerias de arte, cinemas com filmes culturais independentes em cartaz, locais onde seja possível observar performances teatrais com frequência, além de centros culturais, prédios e monumentos de arquitetura histórica. O mapa apresenta a grande diversidade cultural que comumente é excluída do campo do turismo local e que poderia gerar um maior conhecimento aqueles interessados em compreender mais sobre o cotidiano manauara.
As viagens são uma forte ferramenta de auxílio para que viajantes aprendam mais sobre a geografia local por meio da vivência, experienciando o clima, os costumes, a gastronomia, as sonoridades, os sotaques e qualquer outro atributo que este possa aprender sobre as características únicas daquele lugar visitado.
Os espaços culturais, compreendidos ao lado do Teatro Amazonas, reforçam a imagem de uma cidade rica em cultura e artes que está além de ser apenas o portão de entrada para a Amazônia. Esperamos que as artes e o turismo possam dialogar cada vez mais para manter um campo cultural e turístico benéfico para todos os envolvidos: do artista, ao trade turístico e ao visitante.
– Primeiro capítulo da dissertação de mestrado.
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Luiz Carlos Silva é mestre em Ciências Humanas pelo PPGICH/UEA e membro do grupo de estudos semióticos Literatura, Cultura e outras Artes e do grupo de estudo Semiótica e Turismo.