Cidades de ambientes tropicais podem tornar-se inabitáveis para o ser humano se o aquecimento global não for limitado a 1,5 grau centígrado, alertam os cientistas. Cumprir metas climáticas e conscientização de governantes e populações das regiões tropicais, podem evitar episódios de calor insuportável.
“O calor extremo, em consequência do aquecimento global, é uma questão preocupante para a crescente população tropical”, diz novo estudo publicado nessa segunda-feira (8), na revista científica Nature Geoscience.
As regiões tropicais do planeta podem atingir ou mesmo exceder os limites suportados pela vida humana, devido às alterações climáticas. O aumento do calor e da umidade ameaçam, assim, submeter grande parte da população mundial a condições potencialmente letais.
Se não conseguirmos limitar o aquecimento global a 1,5 grau centígrado , as faixas tropicais que se estendem em ambos os lados do Equador correm o risco de se transformar num novo ambiente que atingirá “os limite da habitabilidade humana”, adverte a pesquisa.
Desenvolvido pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o estudo lembra que a capacidade de o ser humano “arrefecer” o seu corpo depende de certas condições de temperatura e umidade do ar.
Como explicam os cientistas, há um limite de sobrevivência além do qual uma pessoa já não consegue regular a sua temperatura corporal com eficácia. Esse limite é excedido quando o denominado termômetro de bulbo úmido (WBGT, a temperatura mais baixa que pode ser alcançada apenas pela evaporação da água) indica que a temperatura e a umidade do ar ultrapassam os 35 graus centígrados.
Isto é, temos uma temperatura corporal que permanece relativamente estável em 37 graus, enquanto a nossa pele é mais fria para permitir que o calor flua.
Mas se a temperatura do bulbo úmido exceder os 35 graus, o corpo torna-se incapaz de se resfriar. “Se estiver demasiadamente úmido, o nosso corpo não consegue arrefecer evaporando o suor – é por isso que a umidade é importante quando consideramos a habitabilidade em um local quente”, disse ao Guardian Yi Zhang, investigador da Universidade de Princeton que conduziu o novo estudo.
“As altas temperaturas são perigosas ou mesmo letais”, acrescentou.
Nesse sentido, os especialistas concluíram que o aumento da temperatura tem de ser limitado a 1,5 grau para evitar que as regiões dos trópicos ultrapassem os 35 graus na temperatura do bulbo úmido.
Considerando o atual contexto de aquecimento global, os autores alertam que essas regiões podem experimentar “eventos de calor extremo” nos próximos anos, que podem exceder o “limite de segurança”.
*Com informações da Agência Brasil