Em uma olhada rápida nas redes sociais é possível perceber que somos únicos. Apesar disso, ao olhar todas aquelas imagens de corpos e rostos “perfeitos” – sejam cliques das férias de um amigo ou a selfie de academia de uma celebridade – somos profundamente afetados na maneira como vemos nossa própria imagem. Passamos a comparar nossas aparências as das pessoas com base nas imagens do Instagram, ou de qualquer outra plataforma, e, muitas vezes, acabamos nos julgando inferiores.
Isso acontece, pois desejamos alcançar uma imagem que não condiz com a realidade, é quase uma missão impossível. Antigamente, as ‘vilãs’ eram as revistas de beleza, hoje, nosso ‘inimigo’ pode estar ao toque de nossos dedos, nas redes sociais.
Esse desejo da perfeição provoca conflitos internos que impactam na nossa autoestima. E a insatisfação com a aparência pode nos levar a procedimentos cirúrgicos desnecessários e, na pior das hipóteses, aos transtornos e distúrbios alimentares.
De acordo com uma pesquisa da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, publicada em novembro do ano passado na revista Journal of Social and Clinical Psychology, quando se analisou o comportamento de 143 estudantes, de 18 a 22 anos, nas principais redes sociais (Facebook, Instagram e Snapchat), constatou-se uma houve uma queda nos níveis de depressão e solidão entre os jovens que limitaram, por três semanas, o uso dessas plataformas. A partir do resultado, os autores do estudo sugeriram restringir o tempo nesses sites a aproximadamente 30 minutos por dia, o que poderia trazer melhorias significativas para a sensação de bem-estar.
O que vejo de maior risco no uso exagerado nas redes sociais é desejar algo que muitas vezes é irreal, pois trata-se de uma realidade editada. Pelo nosso celular não podemos ver os bastidores das postagens, portanto, é importante entender que não cabemos em um feed”, comenta. “Nossa vida real é muito mais complexa do que a disputa por uma realidade que não é a nossa. Das esferas que envolvem o bem-estar de uma pessoa, a saúde mental é, provavelmente, a mais afetada pelo contexto social.
Em alguns casos, a situação ficou tão complexa que no Reino Unido, por exemplo, a ASA (Advertising Standards Authority), órgão regulador das propagandas do país, decidiu que influenciadores não poderão mais utilizar filtros em anúncios virtuais de beleza. A medida é válida para posts pagos voltados para os cuidados com a pele. Deste modo, os influenciadores não vão poder alterar a aparência quando estiverem anunciando produtos estéticos.
Para driblar os sentimentos de inferioridade, o autoconhecimento é o caminho a ser seguido com apoio da terapia. Conhecer suas próprias limitações e fragilidades, ajuda a conviver e superar as sensações adversas que afetam a autoestima. Minha dica é fazer uma análise crítica de quem você segue nas redes sociais e ao reconhecer perfis que provocam comparações desnecessárias e sensações de inferioridade, deixe de segui-los e opte por seguir perfis e pessoas que te inspiram ou te divirtam. Esse ‘detox’ virtual pode ajudar a identificar o quanto a rede social está interferindo na sua saúde mental e na sua percepção de autoimagem. Não se preocupe em deixar de seguir. Um unfollow pode ser muito terapêutico.
*Samiza Soares
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