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Levantamento aponta que Prefeitura de Manaus recebeu número suficiente para vacinar servidores da Saúde

Prefeito de Manaus, David Almeida, e suas prioridades na fila de vacina da Covid-19: filhos de aliados políticos Prefeito de Manaus, David Almeida, e suas prioridades na fila de vacina da Covid-19: filhos de aliados políticos

* Paula Litaiff e Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

Um levantamento feito junto ao Ministério da Saúde (MS) nesta quinta-feira, 21, apontou que a quantidade de vacinas contra Covid-19 entregues à Prefeitura de Manaus, no Amazonas, é suficiente para imunizar todos os profissionais que estão atuando na linha de frente do combate à doença na capital amazonense.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa-Manaus) recebeu 40.072 doses da vacina, segundo dados obtidos no MS, informação que foi confirmada pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). A quantidade atende, com as duas doses, 19.250 trabalhadores dos hospitais e unidades de saúde estaduais, municipais e particulares.

Prioridades do prefeito

No primeiro dia de vacinação, última terça-feira,19, o prefeito de Manaus David Almeida (Avante) – aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – preferiu gastar as doses de vacina em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e com assessores recém-nomeados.

As herdeiras Lins, que têm uma UBS funcionando na área da “família Lins”, foram nomeadas às vésperas do início da imunização para os cargos de Gerente de Projetos. Ainda assim, estão no grupo dos primeiros a serem imunizados em Manaus.

David, também, priorizou um aliado político que o ajudou na campanha eleitoral do ano passado, o ex-deputado estadual Wanderley Dallas (Solidariedade), que teve o filho, um jovem médico, David Dallas imunizado pela equipe da Saúde do prefeito.

Os excluídos

A decisão do prefeito de Manaus de dar preferência aos profissionais das UBSs deixou de fora do primeiro dia de vacinação unidades como a Fundação de Medicina Tropical (FMT), onde atua a maioria dos médicos infectologistas.

Além do prejuízo causado à fundação, a decisão de David Almeida não atendeu a maior parte dos profissionais dos Prontos-Socorros 28 de Agosto, Delphina Aziz e Platão Araújo. Delphina é referência no tratamento de Covid-19 desde o início da pandemia.

O plano de vacinação municipal da Prefeitura de Manaus, também, não contemplou, ainda, as unidades particulares, com seus trabalhadores que atuam na linha de frente do atendimento a pacientes.

Justificativa pífia

Em nota, a Prefeitura de Manaus informou que do total de doses recebidas, a prefeitura reservou 12,2% delas para os profissionais da rede municipal, que estão atuando no enfrentamento à Covid-19. Não foram quantificados os profissionais que estão envolvidos e na linha de frente.

De acordo com o Governo do Amazonas, as orientações do Ministério da Saúde são para que, neste primeiro momento, sejam priorizados 34% dos profissionais de saúde que estão na linha de frente, 100% da população indígena maior de 18 anos. Além da vacinação de idosos com mais de 60 anos e pessoas com deficiências institucionalizadas.

Também por meio de nota, a prefeitura disse que a vacinação de Gabrielle Kirk Lins e Isabelle Kirk Lins, no primeiro dia de imunização, não havia  nenhuma irregularidade, uma vez que estavam nomeadas e atuando legitimamente no plantão da unidade de saúde, para a qual foram designadas, em razão da urgência e exceção sanitárias, estabelecidas nos primeiros 15 dias da nova gestão.

Mais transparência

Após o prefeito de Manaus, David Almeida, anunciar em rede social que proibiria a realização de imagens em salas de vacinação, no momento da imunização contra a Covid-19, o presidente do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), conselheiro Mario de Mello, determinou que a Prefeitura de Manaus se abstenha de qualquer ato que proíba a realização e/ou divulgação das imagens.

“A proibição de registrar e divulgar imagens nas salas de vacinação contra a Covid-19 é um ato que fere os direitos coletivos e a liberdade de manifestação, resguardados pela Constituição Federal. O Tribunal de Contas, como órgão fiscalizador, não permitirá que os direitos da população sejam maculados. Além disto, precisamos garantir o máximo de transparência em todas as ações referentes à vacinação e não há motivo para que essas imagens não se tornem públicas”, advertiu Mario de Mello.

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