Personalidades essenciais do choro, Jacob do Bandolim (1918-1969) e Waldir Azevedo (1923-1980) são inspirações para o som do maestro amazonense Rosivaldo Cordeiro, que homenageou a dupla em um disco de releituras há dez anos. E tamanho é o legado deixado por ambos, que o multi-instrumentista radicado na França apresenta, neste mês, uma continuação: Jacob VS. Waldir 2.
Assim como o primeiro, o novo álbum tem inspiração em uma suposta rixa entre Jacob e Waldir – o que explica o ‘versus’ no título do trabalho.
“Há uma lenda de que ambos não se davam bem em suas épocas, no Rio de Janeiro, onde Waldir conquistou um certo destaque e tornou-se um grande e popular representante da música instrumental, a partir dos anos 1950”, explica Rosivaldo.
A ideia, segundo o músico, é promover um diálogo e uma ligação entre os estilos dos músicos. “Quero que o ouvinte possa fazer uma comparação direta da obra de nossos dois gênios brasileiros”, argumenta.
De acordo com o amazonense, as bases já estavam gravadas e armazenadas em seu computador, na França, mas se fez necessária uma revisão. Enquanto as percussões gravadas pelos amazonenses Mario Bocão e Wesdley Lima estavam prontas, ele precisou refazer as cordas – em outras palavras, é ele quem conduz os violões de seis e sete cordas, cavaquinho, bandolim e violinha nas faixas.
Jacob VS. Waldir 2 reúne 20 músicas (dez de cada lenda), de clássicos como ‘Doce de Coco’ e ‘Vibrações’ a canções menos conhecidas do universo desses dois mestres da música brasileira. “Além da homenagem, esse disco foi uma forma de trazer a esse período de confinamento que vivemos um pouco de amor e esperança”, confessa Rosivaldo.
O disco, já presente nas principais plataformas, como Spotify, Deezer, Tidal e iTunes, entre outras, também chega ao site oficial de Rosivaldo Cordeiro –https://www.rosivaldocordeiro.com/ –, nesta semana. O artista ainda planeja um evento de lançamento em Manaus, sua cidade natal, ideia que deve ganhar mais corpo quando ele retornar à cidade, no fim deste mês.
Bênção de Azevedo
Dividindo os holofotes com os músicos franceses Annaïs Laffon, Philippe Lafon e Sylvain Rabourdin em algumas faixas, Rosivaldo recebeu uma aprovação de peso para a iniciativa: Marly Azevedo, filha do lendário Waldir.
“Ouvindo Rosivaldo tocar tão bem todos estes instrumentos, lembrei logo do inesquecível e virtuoso Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955), que também tocava muitos instrumentos de corda. Era realmente um prazer ouvi-lo tocar, como também é para mim poder ouvir tão bem gravadas as músicas de meu pai e Jacob, seguindo o estilo deles de interpretação. Sei que este segundo volume de Jacob VS. Waldir será importante para a música popular brasileira como é para mim! Rosivaldo toca muito bem e, às vezes, me lembra muito meu pai tocando”, revela.