Uma pesquisa realizada pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), encontrou plantas da região amazônica com potencial citotóxico contra células tumorais de câncer de cólon, gástrico e de fígado.
A análise foi feita no âmbito do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic), coordenado pela Diretoria de Ensino e Pesquisa (DEP/FCecon), e conta com apoio financeiro por meio de bolsas de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Denominado “Avaliação da citotoxicidade de extrato etanólicos de plantas encontradas na Amazônia”, o projeto ficou em primeiro lugar na IX Jornada Científica Paic 2019/2020. O trabalho marca uma nova linha de pesquisa intitulada “Biomoléculas em Oncologia” na unidade hospitalar, implementada em 2019, que estuda moléculas com atividades antitumorais obtidas a partir de produtos naturais.
A pesquisa foi realizada pela estudante do 7º período de Biomedicina da Universidade Nilton Lins, Lethicia do Nascimento Marinho, sob a coordenação da pesquisadora/FCecon e doutoranda em Bioquímica e Biologia Molecular pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Sthéfanny Caroline Mendes Azevedo.
Pesquisa
Conforme Sthéfanny Azevedo, o projeto é uma ramificação de seu trabalho de doutorado, que estuda as atividades citotóxicas, antiangiogênicas e antioxidantes de plantas encontradas na Amazônia, que são importantes no tratamento do câncer. Segundo ela, estão sendo testadas sete espécies de plantas, pertencentes às famílias Clusiaceae, Cannabace
“Até o momento, as análises se mostraram promissoras para uma das espécies, entretanto, ainda temos mais quatro a serem testadas, o que motivou a renovação do projeto por mais um ano – Edição 2020/2021 do Paic. Trata-se de uma pesquisa que direciona o caminho a ser seguido nas próximas etapas do meu projeto de doutorado”, pontua Sthéfanny Azevedo.
Cooperação
A pesquisadora salienta que os ensaios biológicos e químicos estão sendo realizados em parceria com o Laboratório do Grupo de Pesquisa Química Aplicada à Tecnologia (QAT) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Laboratório de Atividade Biológica (Biophar) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Laboratório de Bioprospecção e Biotecnologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (LABB/Inpa). Segundo ela, após a conclusão dos ensaios biológicos, o próximo passo é o fracionamento dos extratos, seguido da separação, purificação e identificação das substâncias ativas.
Colaboração
A pesquisa contou com a colaboração do doutor em Biologia Vegetal do Museu da Amazônia (Musa), Bruno Sampaio Amorim; do professor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), doutor em Fitotecnia-Horticultura, Valdely Ferreira Kinupp; que forneceram informações sobre espécies de plantas com potencial antitumoral que ainda não haviam sido estudadas, baseando-se em estudos descritos na literatura científica, com espécies da mesma família.
“Tendo em vista que um dos problemas enfrentados no tratamento do câncer é a resistência dos tumores frente a agentes terapêuticos convencionais, a descoberta de novas substâncias com ação anticâncer é de extrema importância não só para a pesquisa dentro da FCecon, mas para a comunidade científica e para a sociedade. Posso dizer que somos pesquisadoras privilegiadas por podermos contar com a biodiversidade amazônica para trabalhar”, ressalta Sthéfanny Azevedo.
Experiência
De acordo com Lethicia Marinho, a vivência no Paic foi gratificante. Segundo ela, a participação no projeto e a rotina de pesquisa lhe permitiram crescer como pesquisadora. “Durante o programa, temos atividades de ensino, como palestras, mesas-redondas, cursos e treinamentos que nos fazem adquirir mais conhecimento e nos ajudam nas análises”, frisa.