*Da Redação do Dia a Dia Notícia
Entre 2000 e 2021, 93.850 idosos morreram de desnutrição protéico-calórica no Brasil, segundo um estudo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Embora tenha havido uma tendência geral de queda nas taxas de mortalidade por essa condição entre os idosos, o estudo revela que, entre aqueles com 80 anos ou mais, a taxa de mortalidade permaneceu estacionária e ainda elevada. Ronilson Ferreira Freitas, epidemiologista e um dos autores da pesquisa, destacou que a redução nas taxas foi significativa em faixas etárias como 60 a 79 anos, mas que para os idosos com 80 anos ou mais, a situação permanece preocupante.
O estudo aponta que, apesar da redução geral, as taxas de mortalidade continuam altas, especialmente considerando que a desnutrição proteico-calórica é uma causa de morte prevenível. O pico das taxas de mortalidade ocorreu entre 2003 e 2006, com o ano de 2006 registrando as taxas mais altas da série histórica – 28,74 por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, a maior taxa foi em 2006, com 25,01 por 100 mil habitantes, enquanto entre os homens, as taxas mais altas foram em 2005 e 2006, com 33,53 por 100 mil habitantes.
A pesquisa também revelou que a desnutrição afetou predominantemente pessoas com 80 anos ou mais (63% dos casos), com maior prevalência entre mulheres, brancos, analfabetos e viúvos. Freitas ressaltou que as políticas públicas implantadas até o momento foram insuficientes para reduzir significativamente a mortalidade por desnutrição proteico-calórica entre os idosos, especialmente os mais longevos.
Ele também destacou a importância da qualificação dos serviços de saúde para identificar precocemente os indivíduos em risco nutricional e implementar intervenções adequadas. A falta de qualificação dos profissionais e a escassez de estudos epidemiológicos sobre o tema são vistos como obstáculos significativos para o avanço das políticas públicas.
O estudo não fez recortes regionais, o que, segundo Freitas, reforça a necessidade de mais pesquisas para identificar onde estão os idosos mais vulneráveis e quais fatores aumentam o risco de desnutrição proteico-calórica no Brasil.