A Prefeitura de Manaus analisou, até o momento, 125 casos de óbitos ocorridos nos meses de abril e maio deste ano, até então classificados como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de causa não especificada, e descobriu que 56 foram na verdade causados pela Covid-19. Ao total, 654 casos são analisados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), que já concluiu 20% dos trabalhos.
Da recontagem já feita, 68 mantiveram o status e um se refere a residente de outro município. O trabalho é realizado pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) da Semsa.
“Esses dados estão sendo inseridos diariamente no sistema de vigilância de SRAG do Ministério da Saúde, resultando em um aparente aumento no número total de óbitos por Covid-19 em Manaus. Mas são casos antigos e o aumento não representa o atual cenário da pandemia de Covid-19 em Manaus, que continua em uma tendência de estabilização de casos e óbitos pela doença”, explicou a diretora do Departamento de Vigilância Ambiental e Epidemiológica da Semsa, enfermeira Marinélia Ferreira.
Dos 56 casos de óbitos por SRAG não especificada reclassificados para Covid-19, cinco foram confirmadas por critério laboratorial, 33 por critério de vínculo epidemiológico e 18 foram por critério clínico / exame de imagem (tomografia).
Segundo a gerente do Cievs/Manaus, enfermeira Eliane Campos, o trabalho de investigação dos 654 casos de óbitos por SRAG por causa não especificada tem previsão de ser encerrado em setembro, o que vai permitir uma melhor qualificação dos dados sobre óbitos por Covid-19 em Manaus.
“Mas é importante alertar que, mesmo com uma estabilização no número de casos e de morte por Covid-19, a população de Manaus precisa manter as ações de prevenção, com o reforço das medidas de distanciamento social, o uso de máscaras e a frequente higienização das mãos”, alerta a enfermeira.
Investigação
O trabalho de investigação epidemiológica é realizado pelas equipes do Cievs/Manaus e dos Distritos de Saúde (Disas), com a análise da história clínica dos casos para obtenção de informações sobre os sintomas apresentados pelo paciente e a data de início dos sintomas, medicações utilizadas, exames realizados e a procura de serviços de saúde.
“Seguindo as novas determinações do Ministério da Saúde, o resultado do exame de tomografia, caso tenha sido feito, pode ser utilizado como critério para definir a causa da morte por Covid-19. As equipes também estão realizando visitas domiciliares para identificar contatos próximos do paciente que apresentaram sintomas de Covid-19 e que realizaram exames laboratoriais com resultado confirmado da doença, o que pode ser um indicativo que o paciente que morreu contraiu o vírus, comprovando o vínculo epidemiológico. São estratégias que geram informações e, juntamente com a análise do histórico clínico do paciente, ajudam na definição da causa do óbito”, ressaltou Marinélia Ferreira.
A intenção é identificar, a partir dos novos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, casos em que a morte ocorreu a partir da infecção por Covid-19. Os resultados da investigação serão divulgados semanalmente pela Semsa por meio da elaboração de um Informe Epidemiológico, que poderá ser consultado no hotsite https://covid19.manaus.am.gov.br/.
SRAG
A SRAG é uma complicação da síndrome gripal, que pode ser causada pelo novo coronavírus ou por outros vírus. Em alguns casos não é possível realizar o diagnóstico do agente etiológico causador da doença no momento do óbito, inclusive por não ocorrer a coleta de material de exame no hospital dentro do período de tempo recomendado. Os novos critérios do Ministério da Saúde possibilitam o encerramento de óbitos por Covid-19 a partir de outras informações clínicas, além do laboratorial.