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Distritais da Semed viram curral eleitoral para vereadores aliados do prefeito David Almeida, alegam servidores

Foto: Reprodução

*Especial da Redação do Dia a Dia Notícia 

Após mais um atraso na votação do reajuste salarial dos profissionais da Secretaria Municipal de Educação (Semed), enviado pelo prefeito David Almeida (Avante) na última terça-feira e que, ao contrário do esperado, não foi colocado em pauta na Câmara Municipal de Manaus (CMM), professores agora denunciam o aparelhamento das Divisões Distritais Zonais (DDZ’s) para curral eleitoral de vereadores aliados da Prefeitura, com a proximidade das eleições.

De acordo com fontes ouvidas pelo Dia a Dia Notícia, as DDZ’s estariam divididas de forma que cada diretor escolar seja responsável em cobrar dos servidores da sua unidade para que apoiem determinados vereadores, além do próprio prefeito David Almeida, por meio do compartilhamento e engajamento nas publicações de redes sociais dos mesmos.

Os parlamentares Professor Samuel, Gilmar Nascimento, Eduardo Alfaia, Eduardo Assis, Jander Lobato, Rosinaldo Bual, Joelson Silva, Raulzinho e Fransuá estariam na lista de “beneficiados” pelos currais eleitorais loteados nas distritais da Semed.

Os servidores seriam fiscalizados por meio de um sistema de contagem. Um prazo é estipulado para que eles curtam, comentem e compartilhem as postagens que são enviadas, aqueles que não o fizerem dentro do tempo não são contabilizados. Ao fim, uma lista com os colaboradores que completam a “missão” é divulgada internamente.

Outra prática que vem causando estranhamento é a inserção de números desconhecidos em grupos de Whatsapp das escolas. Segundo o professor Lambert Melo, coordenador jurídico do Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom/Sindical), contatos foram adicionados em diversos grupos escolares sem nenhuma explicação de quem seriam essas pessoas ou qual função estariam desempenhando.

“Nós já sabemos que foram infiltrados números de telefones que antes não faziam parte nos grupos de Whatsapp das escolas, de todas as divisões distritais. […] Apenas foram colocados e estão lá observando o que acontece dentro do grupo, e não sabemos se são essas as pessoas que vão fazer publicações posteriormente para candidatos A, B ou C. Mas o fato é que sabemos que isso verdadeiramente acontece”, afirma.

O professor também comenta que o loteamento das DDZ’s da Semed como curral eleitoral para candidatos ligados ao prefeito é uma realidade que acontece desde, pelo menos, os últimos três mandatos da Prefeitura de Manaus. No entanto, existe uma dificuldade em conseguir provas físicas ou digitais desse esquema, uma vez que muitas pessoas envolvidas têm medo de comprometer suas carreiras.

“A grande dificuldade é de conseguir provas, porque as pessoas que estão próximas e que têm condições de obter provas a respeito dessa prática, ou são cúmplices porque estão se beneficiando também, ou elas têm medo de se envolverem com a situação para depois serem vítimas de represália. É difícil para nós do sindicato termos condições de provar que isso verdadeiramente acontece, mas nós sabemos que acontece. Não é nenhuma novidade e certamente vai se intensificar quando se aproximar mais das eleições”, diz.

Outra fonte ouvida pelo Dia a Dia Notícia afirmou que a diferença em relação a mandatos anteriores é que, na gestão de David Almeida, até mesmo os diretores que apresentaram conquistas significativas nas suas unidades escolares foram cortados do quadro da Semed, apenas por não serem apoiadores do prefeito.

Pelo menos 23 gestores de escolas municipais teriam sido demitidos neste ano por não aceitarem fazer campanha para a reeleição de David Almeida e seus candidatos, em grande parte diretores da distrital da Zona Oeste – chefiada por Dalmir Salazar, possível pré-candidato a vereador pelo partido Avante, que seria um dos responsáveis em cobrar dos profissionais para divulgarem as ações do prefeito.

Em certos casos, trabalhos construídos ao longo de 10 a 15 anos com a comunidade de pais e alunos foram perdidos pelo desligamento do gestor. Em uma das escolas, no bairro Compensa, havia o esforço de resgatar crianças e adolescentes envolvidas com tráfico de drogas, com a implementação de atividades extracurriculares para atrair os alunos a passarem mais tempo na escola. Outros gestores haviam alcançado notas altas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Assim, alegam que foram demitidos sem justificativas plausíveis.

“Aqui a nossa educação municipal tem a característica de proximidade dos pais com os diretores, criam uma relação afetiva mesmo. Diretores que faziam um bom trabalho, conheciam a comunidade, sabiam o histórico dos alunos, sabiam quais eram suas dificuldades, onde podiam melhorar, perderam o cargo para entrar pessoas que não tinham todo esse conhecimento, e aí todo o trabalho que vinha sendo feito se perdeu”, explica a fonte, que pediu para resguardar seu anonimato.

As fontes entrevistadas pela reportagem do Dia a Dia Notícia não quiseram ser identificadas por medo de perseguição política e prejuízos nas atividades frente à Semed.

A reportagem enviou e-mail e mensagem pelo WhatsApp à assessoria de comunicação da Semed questionando o teor das denúncias, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.

O vereador Raulzinho respondeu ao Dia a Dia dizendo apenas que “cabe ao denunciante provar” as acusações. Já os vereadores Samuel e Eduardo Assis não responderam as nossas mensagens.

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