*Da Redação Dia a Dia Notícia
Uma equipe da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) está prestando cuidados médicos de emergência na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia, após uma incursão em larga escala das forças israelenses no campo de refugiados da cidade nesta segunda-feira (3). A ação armada é a maior na Cisjordânia desde 2002. Pelo menos oito pessoas foram mortas e outras 91 ficaram feridas na operação terrestre e aérea – muitas delas com ferimentos de bala e estilhaços.
Além de matar e ferir pessoas, a ação também afetou as estruturas de saúde e obstruiu a resposta médica à emergência. Várias bombas de gás lacrimogêneo caíram no pátio do hospital Khalil Suleiman, onde uma equipe de MSF tratava, desde as 2h da manhã, pacientes com ferimentos de bala.
“Os ataques em Jenin estão se tornando cada vez mais frequentes, e sua intensidade parece atingir novos patamares. Vimos vários pacientes com ferimentos de bala na cabeça e recebemos 55 pacientes feridos “, disse Jovana Arsenijevic, coordenadora de operações de MSF em Jenin.
As escavadeiras militares destruíram várias estradas que levavam ao campo de refugiados de Jenin, danificando o pavimento e tornando quase impossível que as ambulâncias chegassem aos pacientes. Durante o ataque, os paramédicos palestinos foram forçados a prosseguir a pé, em uma área onde há tiros e ataques de drones. Todas as estradas que levam ao campo foram bloqueadas durante a operação militar, apesar da presença de pacientes que precisam de cuidados dentro do campo de refugiados.
“Estamos trabalhando há 15 horas, e os pacientes continuam chegando. Esta é uma operação militar sem precedentes, e ainda há vítimas que não podem ser alcançadas. A equipe de saúde precisa ter permissão para acessar os pacientes sem impedimentos”, disse Arsenijevic.
Os eventos desta segunda-feira elevaram para 48 o número de mortes durante as operações das forças israelenses em Jenin neste ano. Com o aumento da frequência, crescem também as obstruções à prestação de cuidados médicos.
As ações das forças israelenses em Jenin estão recorrendo cada vez mais ao apoio aéreo, um recurso violento do uso da força. Hoje, pelo menos 10 ataques aéreos foram relatados em Jenin.
“As incursões no campo de Jenin começaram a seguir um padrão familiar – ambulâncias foram abalroadas por carros blindados, e pacientes e profissionais de saúde foram rotineiramente impedidos de entrar e sair do campo. Além disso, o uso de helicópteros na ação e ataques de drones em uma área tão densamente povoada representam um aumento acentuado da intensidade, e é nada menos que ultrajante”, frisou Jovana Arsenijevic. “O que vemos é que o hospital onde estamos tratando pacientes foi atingido por bombas de gás lacrimogêneo. Estruturas médicas, ambulâncias e pacientes devem ser respeitados”, concluiu a coordenadora.
A organização está nos Territórios Palestinos Ocupados desde 1989 e atualmente tem operações médico-humanitárias em Jenin, Nablus, Hebron e Gaza.