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Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho (RO), vem sofrendo ataques em represália a suas denúncias de violações de direitos de povos indígenas

Em 2021, foram registrados 355 casos de violência contra pessoas indígenas — o maior número desde 2013, segundo relatório do Cimi.
Dom Roque Paloschi discursa em atividade do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) realizada em Rondônia este ano. Foto: Augusta Eulalia Ferreira/Cimi

*Da Redação do Dia a Dia Notícia 

Alvo de pressões e intimidações até mesmo durante a celebração das suas missas, Dom Roque Paloschi enfrenta um duplo desafio como líder religioso defensor dos direitos indígenas em cenários de avanço da degradação ambiental e da violência contra as comunidades tradicionais na Amazônia. Além de presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo da Igreja Católica vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele é desde 2015 arcebispo de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, um dos mais desmatados e pressionados da região. Atua, também, como secretário da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil). As informações são da Mongabay. 

O presidente do Cimi relata que sofre inúmeras intimidações em Rondônia, com atitudes e pronunciamentos que deixam clara a intenção dos provocadores de causar pressão emocional e psicológica.

Cada missa celebrada e outros compromissos religiosos realizados têm representado desafios para esse líder religioso gaúcho formado em Filosofia pela Universidade Católica de Pelotas e em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

12 de outubro

Os desafios vivenciados há tempos por Paloschi ganharam uma ilustração pedagógica diante dos mais recentes episódios de intimidações sofridos pelo arcebispo de Aparecida (São Paulo), Dom Orlando Brandes, no dia 12 de outubro.

Ele celebrava uma missa em homenagem à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e, como é de praxe nessa data religiosa de importância nacional, fazia reflexões sobre os desafios que impactam as populações mais vulneráveis. Diante do atual contexto, também chamava a atenção dos fiéis para o aumento da violência no país.

A diferença é que as celebrações deste ano contaram com a presença do presidente Jair Bolsonaro, além de outros integrantes do seu governo, sendo acompanhada, ainda, por inúmeros seguidores, que protagonizaram cenas de desrespeito religioso e agressividade com jornalistas. Eles não gostaram das críticas ouvidas durante o sermão do arcebispo, dentre as quais, a de que “pátria amada não é pátria armada”, uma referência ao slogan do governo e à defesa de armamento da população civil, que tem crescido sob a atual gestão federal.

O arcebispo de Aparecida também defendeu os direitos de populações negras e indígenas e combateu campanhas de ódio e desinformação. Desde então, têm se ampliado as denúncias de agressões sofridas por várias lideranças religiosas no país.

Roraima

A situação não é diferente dos dilemas que enfrentou em Roraima, como bispo atuante em Boa Vista entre 2005 e 2015, mas recentemente tem ganhado repercussões mais preocupantes, segundo avalia.

“Nós vivemos nessa região sendo marcados por posturas daqueles que são contrários não somente à questão indígena, mas à questão do direito dos pobres. Nós vivemos movidos por essa economia da destruição. E os habitantes tradicionais não são vistos como sujeitos, mas simplesmente como obstáculos ao chamado desenvolvimento”, diz Dom Roque.

As pressões cotidianas sofridas pelo arcebispo de Porto Velho são resultantes de seus posicionamentos críticos. Ele tem liderado denúncias sobre violações de direitos contra povos e territórios indígenas nas assembleias da CNBB de 20172018 e 2019. Também tem se posicionado em outros fóruns nacionais e internacionais, incluindo o Vaticano, onde já compartilhou o problema com o Papa Francisco na companhia de outros bispos atuantes na Amazônia.

Ele recorda que quando chegou em Roraima, em 2005, a Terra Indígena Raposa Serra do Sol tinha sido recém-homologada. “Lá os questionamentos eram muito grandes. Eu me lembro que as comunidades tiveram que esperar praticamente seis meses para poder festejar a homologação para evitar tensionamento”, afirma.

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