*Lucas dos Santos – Da Redação Dia a Dia Notícia
Após um resultado pífio nas eleições de 2022, com pouquíssimos deputados federais, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Patriota aprovaram a fusão entre as duas legendas, que guinaram da centro-esquerda para a extrema-direita nos últimos anos. O novo partido se chamará Mais Brasil e terá o número eleitoral 25, que pertencia ao extinto Democratas (DEM). O ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson, foi vetado de participar na nova agremiação, que ainda precisa ser aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ser oficializada.
A decisão de fundir os partidos veio após nem o PTB nem o Patriota superarem a cláusula de barreira das eleições de 2022, a qual definia que um partido ou federação precisaria eleger 11 deputados federais ou obter pelo menos 2% dos votos válidos em todo o território nacional. As legendas não cumpriram nenhum dos dois requisitos.
A principal exigência para consagrar a fusão era não permitir que o ex-deputado Roberto Jefferson ocupasse qualquer cargo na executiva do partido, nem mesmo fosse filiado. O pedido veio poucos dias após Jefferson ser preso por atacar as instituições democráticas e resistir à prisão, ferindo policiais federais. O atual presidente do Patriota, Ovasco Resende, é o mais cotado para assumir o Mais Brasil. Outros nomes vetados foram Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson; o ex-deputado federal Eduardo Cunha e os senadores Fernando Collor (AL) e Roberto Rocha (MA), que não obtiveram sucesso nas eleições de 2022.
O novo partido deverá ter 5 deputados federais.
Mudança de paradigma
Historicamente, os dois partidos nasceram alinhados à esquerda. O PTB foi refundado em 1979, a partir dos ideais do antigo PTB de Getúlio Vargas. Já em seu início, contudo, o novo PTB possuía menos características de trabalhismo, possuindo uma política fisiologista. Nas primeiras eleições pós-ditadura, o partido apoiou Fernando Collor de Mello (PRN), de direita, em vez de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de esquerda. Os trabalhistas antigos acabaram por ingressar no Partido Democrático Trabalhista (PDT), de Leonel Brizola.
Já o Patriota nasceu como Partido Ecológico Nacional (PEN), em 2011. Apesar de seu primeiro presidente ser ligado à Assembleia de Deus, o ambientalismo era a principal bandeira da legenda, sendo uma pauta mais cara à esquerda. Nas eleições de 2014, apoiou a ex-ministra Marina Silva (então no PSB) no primeiro turno e o senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno.
Com a ascensão do bolsonarismo a partir de 2016, os dois partidos mudaram seus programas e ideologias para ficar ao lado do presidenciável Jair Bolsonaro, que se elegeu em 2018 pelo PSL. O PTB chegou a permitir que integralistas, movimento fascista brasileiro, se filiassem e concorressem pelo partido a cargos em 2022.
Amazonas
Alguns políticos amazonenses devem ser afetados pela fusão. Terceiro mais votado para a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o deputado estadual Felipe Souza foi o único parlamentar do Patriota eleito no estado, e deve continuar sendo o único deputado do Mais Brasil se a fusão for aprovada.
Na Câmara Municipal de Manaus (CMM), o Patriota possui três vereadores: Dione Carvalho, Ivo Neto e Joelson Silva. O PTB possui apenas um, o vereador Mitoso. Jander Lobato foi eleito pelo PTB, mas trocou a legenda pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), de Serafim Corrêa.
Caso a fusão seja confirmada, o Mais Brasil será a segunda maior bancada da CMM, atrás apenas do Avante, do prefeito David Almeida, que possui cinco vereadores.
