*Da Redação Dia a Dia Notícia
A ação da Polícia Federal (PF) sem o apoio das Forças Armadas, para a retirada de invasores e posseiros de uma terra indígena no estado do Pará foi marcada por tumulto e bloqueio de estradas por parte de pessoas que estavam no território. No último dia 4 de agosto, o Ministério da Defesa deixou de atender um pedido da PF para que as Forças Armadas auxiliassem na retirada de invasores e gado da terra indígena Trincheira/Bacajá, dos kayapós, na região de São Félix do Xingu (PA).
Sem apoio logístico dos militares, a operação já dura quatro semanas. A operação é marcada também pela ausência de direcionamento às famílias, que ficaram pelas vilas vizinhas, e pela retirada, sem apreensão, de cabeças de gado utilizadas por grileiros para dominar a região.
Mesmo com a proposta da PF de ressarcimento dos gastos dos militares com o apoio logístico na região, o pedido de auxílio na operação foi negado. O pedido feito foi para que acampamentos militares fossem montados para integrantes da PF e Força Nacional, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Na última terça-feira (16), a polícia encerrou a participação na ação, porém a Força Nacional prossegue na região. A desintrusão é uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que pede a retirada de invasores em sete territórios sendo eles Yanomami, Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Arariboia, Mundurucu, Kayapó e Trincheira/Bacajá.
A PF e a Força Nacional promoveram a retirada de cerca de 200 famílias de posseiros da terra Trincheira/Bacajá, com bloqueios de acessos, e de cerca de 600 cabeças de gado. Tanto as pessoas quanto os animais ficaram pelas vilas e terras vizinhas, segundo policiais que acompanham o desenrolar da operação.
As investigações da PF mostram que um grupo de grileiros, com terras nas imediações, controla as invasões na terra indígena. A estratégia consiste em ocupar espaços com gado e em vender glebas a posseiros –estes são basicamente famílias pobres, atraídas por ofertas de lotes com valores de R$ 5.000. Entre policiais, há o temor de que invasores e gado retornem ao território tradicional, como já ocorreu uma vez.