*Da Redação Dia a Dia Notícia
Em depoimento à Polícia Federal nessa quinta-feira (5), o líder indígena Júnior Hekurari disse que alguns dos yanomamis que supostamente estariam desaparecidos após confronto com garimpeiros foram localizados. Na última semana, o desaparecimento dos indígenas na reserva Yanomami em Roraima, havia sido denunciado pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), entidade a qual preside Júnior Hekurari.
De acordo com o depoimento de Hekurari, os indígenas que moravam na comunidade de Aracaçá se mudaram para outros locais de terra indígena e parte deles agora reside em uma comunidade chamada Palimiú. A PF irá instalar uma base por seis meses na região para tratar da escalada da violência dos garimpeiros contra indígenas.
No final de abril, a tensão entre yanomamis e garimpeiros despontou em Roraima, com a denúncia de que uma indígena de apenas 12 anos teria sido sequestrada, estuprada e assassinada. Após a denúncia, a Polícia Federal esteve na terra indígena e disse não ter encontrado indícios do crime. A conclusão foi divulgada em nota assinada pelo Ministério Público Federal, pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e pela Secretaria Especial de Saúde Indígena.
A investigação sobre o caso, no entanto, segue em andamento. Quando a força tarefa dos órgãos foi à comunidade Aracaçá investigar a morte da jovem de 12 anos, encontrou o lugar completamente vazio e algumas casas queimadas. De início, não se soube o que causara o desaparecimento, mas a própria Condisi já trabalhava com a possibilidade de que se tratasse de uma tradição da aldeia, de queimar e deixar o local de habitação.
A falta de explicação para o caso —já que não se descartava a possibilidade de um ataque de garimpeiros, uma vez que a região é de conflito— fez com que o caso tivesse grande repercussão nas redes sociais.
A região tem um largo histórico de conflitos. Um relatório da entidade Hutukara Associação Yanomami aponta ainda que a comunidade Aracaçá está “em vias de desaparecimento”, diz que parte dos indígenas já não produzem a própria comida (o que os deixa à mercê da alimentação dos garimpeiros) e que a introdução de bebidas alcoólicas e doenças pelo garimpo é outra ameaça.
A Aracaçá fica próxima da região de Palimiú onde, em 2021, diversas comunidades indígenas foram atacadas por garimpeiros armados.
*Com informações da Folha de S. Paulo