O Ministério do Turismo (MTur) lançou o selo Turismo Responsável, uma certificação, disponível na internet, que tenta assegurar a turistas, viajantes e consumidores que o hotel ou pousada onde se instalaram e o bar ou restaurante onde fazem refeições estão cumprindo requisitos de higiene e prevenção contra a covid-19.
O selo é gratuito e está vinculado ao Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur). Deve ser colado em local de fácil acesso aos clientes e contém QR Code pelo qual o turista poderá verificar as medidas adotadas pelo estabelecimento.
A ferramenta também possibilitará o encaminhamento de denúncias que, em caso de comprovado o descumprimento de exigências, poderá resultar em revogação do selo.
De acordo com o ministério, a medida é a primeira etapa para a retomada de atividades turísticas, paralisadas desde março por causa da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
A iniciativa, validada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), atende preocupações de empresários do setor que querem voltar aos seus negócios, mas dando a certeza de não expor turistas, nem empregados a riscos de contágio.
Para o secretário de Integração Interinstitucional do Ministério do Turismo, Bob Santos, os novos protocolos sanitários de biossegurança vieram para ficar.
Segundo ele escreveu em artigo para a Confederação Nacional do Comércio (CNC), num primeiro momento da retomada do turismo a escolha dos viajantes “será por viagens de curta duração, em fins de semana ou feriados prolongados. Os destinos de natureza, de aventura, de base comunitária e de ecoturismo serão os mais procurados, tendo em vista a baixa aglomeração de pessoas”.
Biossegurança para todos
Esse é o caso das atrações de Alto Paraíso de Goiás, norte do Estado, a cerca de 210 quilômetros de Brasília.
“Queremos proteger o turista e dar segurança de que está sendo bem atendido, de acordo com todos os protocolos de higiene, de afastamento e distanciamento social. Precisamos também assegurar a saúde e a vida dos guias e dos moradores da cidade que vão atender os visitantes”, explica a empresária Patrícia Müller, que acompanha os entendimentos dos estabelecimentos de turismo com a prefeitura de Alto Paraíso sobre a retomada das atividades.
Sua pousada, São Bento, fica em uma fazenda centenária com mesmo nome. No local, há três cachoeiras, uma com salto de 50 metros, tirolesa de 850 metros, passeios a cavalo e de charrete, produção de cerveja artesanal, pães, queijos e coalhadas frescas, além de céu estrelado para as noites da seca que predomina entre maio e setembro, alta temporada na região.
Casos confirmados
“Nenhum lugar do mundo está em alta temporada. Não tem saída. Nós temos que criar instrumentos de proteção e segurança”, afirma Patrícia, que teme a possibilidade de surto em Alto Paraíso.
Até a noite da última terça-feira (9), segundo a Secretaria de Saúde de Goiás, a cidade tinha três casos confirmados de covid-19.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade das residências em Alto Paraíso não tem “esgotamento sanitário adequado”.
“A região não tem muita estrutura [de saúde]. Há apenas um hospital pequeno na cidade e com um único respirador. Se as pessoas dali pegarem coronavírus, inclusive populações tradicionais que são a nossa maior riqueza, com que recursos terão para se tratar?”, pergunta a empresária, que espera racionalidade na decisão de reabertura das atividades.
“O fato de as coisas voltarem a abrir não quer dizer que as pessoas estejam seguras para sair de casa e frequentar os lugares da mesma forma que frequentavam antes”, pondera.
Até o momento, nenhum dos 17 empregados com carteira assinada na pousada da empresária foi demitido. O estabelecimento diminuiu a jornada de trabalho ou suspendeu o contrato dos empregados. Essa, no entanto, não é a realidade de todo o setor de turismo no Brasil.
Por causa da pandemia, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh) teme até meio milhão de desempregados na área de turismo e hospitalidade em todo o país.
Outras projeções estimam falência de 10% de hotéis e o fechamento de um terço dos restaurantes no país.
Além dos meios de hospedagem e refeição, o Ministério do Turismo criou protocolos de higiene e limpeza para agências de turismo; transportadoras turísticas; organizadoras de eventos; parques temáticos; acampamentos; parques aquáticos; locadoras de veículos e guias de turismo.