*Da Redação Dia a Dia Notícia
O governador Wilson Lima e parlamentares que compõem a bancada do Amazonas, estiveram no Palácio do Planalto na última quarta-feira (18), para pressionar pela pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho. O estado sofre com a maior seca já registrada desde o ano de 2010.
Os políticos do Amazonas se reuniram com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e outros sete ministros: Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Marina Silva (Meio Ambiente) e Waldez Góes (Integração Regional).
“O que a gente precisa é de um comprometimento político (do governo federal). A gente precisa entender o seguinte: há interesse efetivo de que a BR-319 caminhe? É complexo. Mas é impossível? Não é impossível. Então é necessário que seja garantido o direito que é básico do cidadão do estado do Amazonas”, disse Wilson Lima a jornalistas.
A seca severa que atinge o estado tem impossibilitado a navegação em muitos trechos, isolando populações. Por conta disso, o governador vê como saída, assim como os demais parlamentares, a construção da rodovia que corta a Amazônia.
O governo Lula incluiu no Novo PAC estudos para a pavimentação da BR-319 e diz que ela só sairá do papel se for viável ambientalmente. A medida opõe ministros como Marina Silva (Meio Ambiente), contrária, e Renan Filho (Transportes), favorável.
Há décadas, a pavimentação da BR-319 se arrasta e sofre grande resistência de ambientalistas. A obra pode provocar mais grilagem de terras públicas no curso da rodovia, ampliar o desmatamento ilegal e impulsionar a exploração criminosa de madeira, apontam documentos do processo de licenciamento ambiental em curso no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Os defensores da pavimentação argumentam que ela é necessária para a redução do isolamento de moradores dos dois estados conectados, Amazonas e Rondônia.
A pressão pela pavimentação em meio ao período de seca severa se iniciou quando Alckmin visitou a região, no início de outubro. Ele anunciou que havia criado um grupo de trabalho para analisar o empreendimento.
Em julho de 2022, o então presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, emitiu licença prévia para pavimentação do trecho do meio da BR-319, entre os quilômetros 250 e 655,7, uma extensão de 405,7 quilômetros.
Porém, o Observatório BR-319, formado por uma rede de organizações da sociedade civil, pesquisadores e associações indígenas, emitiu posicionamento contrário à concessão da licença prévia.
De acordo com o grupo, o processo atropelou etapas básicas, em especial a consulta a populações indígenas de cinco territórios e comunidades ribeirinhas e extrativistas diretamente impactadas com a obra.