Com a aproximação das festas de final de ano, muitos já começam a organizar suas viagens. No entanto, com a pandemia, muitos decidiram rever seus planos para a virada.
Segundo pesquisa realizada pela Hibou, empresa de monitoramento do mercado de consumo, em parceria com a agência de marketing Score Group, aponta que 52% dos brasileiros mudaram seus planos. Dentre esses, 48% não vão mais viajar e 35% optaram por comemorar a passagem de ano com grupos reduzidos.
O impacto dessa mudança de planos já é evidente entre as agências de viagem. Rosa Massoti, de 71 anos, é proprietária de uma agência local e conta que o número de fechamentos para o mês de dezembro teve queda. “Este tem sido um ano um tanto quanto atípico para nós do setor turístico. Do total dos orçamentos realizados, 70% correspondem a reservas para o final de ano, mas nem todos fecham. Em anos anteriores, a busca foi muito maior”, pontua, alegando que entre os que fecham, os destinos mais procurados têm sido localidades do Nordeste, Centro-oeste, Amazonas e Jalapão, dentre outra opções que comportam atividades ao ar livre, com risco reduzido de aglomeração.
A gerente de vendas da São João Turismo, Vera Facca, alega que está passando por situação similar. “Houve queda sim, mas sinto que as pessoas têm se permitido viver um momento de lazer nessa reta final do ano. Muitos buscam por resorts com serviço all inclusive que seguem as restrições à risca e que também não demandam a realização de atividades externas, como frequentar bares e restaurantes abertos ao público em geral”, compartilha.
Com essa demanda flutuante, é claro que o preço dos pacotes de viagem também foi afetado. É o que conta a consultora de turismo, Tânia Brasil Muzaiel, de 49 anos. “Quem apostou em comprar viagem no meses de agosto e setembro para viajar em dezembro conseguiu melhores preços. Agora os valores já estão mais altos devido ao volume da procura”, explica, frisando que é preciso levar em conta que os hotéis estão operando com apenas 60% da ocupação.
De malas prontas
Mesmo diante da incerteza e do medo do vírus, há quem se desdobre para tirar alguns dias de lazer em meio as festas de final de ano. A fisioterapeuta Amislaine Cristina Gambeta, de 26 anos, por exemplo, já garantiu a virada em Maresias com um pequeno grupo de colegas de trabalho. “Minha profissão exige contato próximo com as pessoas e, nesses últimos meses, fiquei muito sobrecarregada. Esse foi um dos fatores que me levou a decidir viajar. Mas tenho ciência de que, como cidadã, devo ser responsável, por isso pensamos em todos os detalhes para que não nos coloquemos em risco, desde a hospedagem até a decisão de cozinharmos dentro de casa para não frequentar estabelecimentos públicos”, conta a jovem que, em vez de fechar um pacote de viagem, preferiu alugar uma casa privada.
Além das casas de temporada ou dos planos oferecidos pelas agências, há ainda aqueles que optam por um estilo de viagem mais espontâneas e menos planejadas. Esse é o caso do casal de mochileiros jundiaienses Bruno Henrique, 26 anos, e Michele Garcia Gomes, de 22 anos, que estão na estrada há um ano e três meses e não possuem planos de voltar para casa tão cedo. Eles contam que colocar o pé na estrada durante a pandemia não foi nada fácil. “No início da quarentena ficamos praticamente presos em uma cidade, uma vez que todas as barreiras foram fechadas e não havia guichês em funcionamento na rodoviária”, compartilha Bruno.
Para este final de ano, os planos ainda são incertos, mas já começam a ser delineados. ” Provavelmente iremos para Minas Gerais ou Goiás, mas a única certeza que temos é que não iremos para o litoral, pois é onde a maior parte das pessoas irão e estamos evitando locais cheios por motivos óbvios”, reflete Michele.
Transporte
Em função da pandemia, o fluxo esperado nas rodoviárias também deve cair. Em períodos normais, o Terminal Rodoviário de Jundiaí registrava um movimento médio diário de 6 mil pessoas, entre embarques, desembarques e circulação. Já nos feriados de fim de ano, o movimento de passageiros crescia em cerca de 20%, e isso fez o empreendimento receber quase 70 mil pessoas em meados de dezembro do ano anterior.
Diante do atual cenário e com o retorno gradativo de passageiros registrados nos últimos meses, a expectativa da concessionária é de que, em dezembro deste ano, o terminal retome cerca de 50% de sua movimentação, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
*Com informações do Jornal de Jundiaí